Os protestos em ritmo de samba irão continuar no Centro da Capital. Essa é a única certeza do movimento de resistência que nasce na Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória. O protesto é uma iniciativa de moradores, artistas, ativistas culturais e simpatizantes. O último protesto, intitulado Maior Samba de Resistência de Vitória, foi realizado durante toda a tarde e início da noite de sábado (17), com adesão chamativa de pessoas ocupando a rua e alertando sobre a importância da preservação da cultura da Rua Sete.
Aliado ao samba que cobria a Rua Sete, três casas culturais realizaram também no sábado um evento que buscava chamar atenção para os embargos culturais que o Centro vem sofrendo por parte da Prefeitura de Vitória, do Ministério Público Estadual (MPES) e do Disk Silêncio, órgão de fiscalização municipal. O evento foi o Viva Vaia, em que OPARQUE, a Casa Verde e o Guanaaní Hostel integraram suas programações – com passe livre entre as três casas pelo ingresso de R$ 20,00 – no intuito de reforçar a presença do público em Vitória e apoiar a discussão política levantada pelo Maior Samba de Resistência de Vitória.
De acordo com Carlos Rabello, presidente da Associação Cultural Capixaba (Cuca), que acompanha o movimento, houve a informação, em reunião com os moradores, de que se houvesse samba no sábado, haveria repressão da prefeitura. “Acontece que a prefeitura se ausenta do Centro de Vitória e não quer discutir a cultura. Nós somos uma classe bem organizada sim, só em nossa última reunião conseguimos juntar 50 entidades culturais para conversar sobre nossa situação. O diálogo é o meio que procuramos enquanto a prefeitura se mantém distante”, afirmou Rabello.
Muito por conta dessa ameaça de que haveria repressão ao movimento, o Centro lotou no sábado; e a proposta é de que nos próximos sábados o samba volte a falar mais alto. “É uma ameaça tola da prefeitura sugerir a repressão ao movimento em plena época eleitoral. Eles não bateram lá exatamente por isso, o motivo é óbvio”, deduz Rabello.
Os embargos na cultura da Rua Sete
Este foi o segundo protesto que artistas e moradores realizaram em defesa da cultura da Rua Sete. Eles querem expor ao público a forma como o Ministério Público e a Prefeitura de Vitória têm dificultado a liberação de alvarás para eventos culturais no local e, além disso, um pequeno grupo de moradores tem acionado o Disk Silêncio em todos os eventos que ocorrem por lá – e quando não é o Disk Silêncio é a Vigilância Sanitária que interrompe a festa.
Após as denúncias envolvendo o Disk Silêncio, um inquérito foi instaurado colocando como réu a Prefeitura por negligenciar o acompanhamento das festas e rotina de bares. Contudo, a reação da Prefeitura diante disso foi de começar a “barrar” todos os eventos, inclusive os mais tradicionais, como as iniciativas de samba. É em prol de um diálogo entre Prefeitura, artistas e moradores que o movimento realiza os protestos.