Na reta final da disputa, as movimentações nos bastidores da eleição em Vitória revelam uma interferência acintosa do governador Paulo Hartung (PMDB) no processo. A estratégia palaciano seria mexer no cenário projetado para a Capital que se prepara para uma disputa em dois turnos. Desde o início do processo, o cenário que se desenha para Vitória é entre o deputado estadual Amaro Neto (SD) e o prefeito Luciano Rezende (PPS).
A manobra palaciana consistiria em inflar a campanha do peemedebista para que ele passe para o segundo turno e deixe Amaro de fora. Nos meios políticos se comenta que Hartung estaria disposto a mobilizar um verdadeiro exército de cabos eleitorais, que fariam uma grande ação até domingo (2) para levar Lelo para o segundo turno.
O plano prevê, na nova etapa da eleição, um candidato com o perfil político mais parecido com o do prefeito, dividindo o mesmo eleitorado. O governador estaria temeroso de que Amaro Neto tenha atingido o chamado teto de votos e que teria dificuldade para derrotar Luciano. O candidato do Solidariedade, embora soberano entre as faixas mais pobres da população ainda sofre a resistência do voto das classes A e B, justamente onde o prefeito tem a preferência. Lelo, na avaliação palaciana, seria um candidato mais homogêneo que ambos. Já que transita entre o eleitorado de Amaro e de Luciano com mais facilidade, o que poderia ser decisivo num eventual segundo turno contra o candidato do PPS.
Caso se confirme a disputa entre Amaro Neto e Luciano Rezende segundo turno, os votos de Lelo Coimbra tendem a migrar para o prefeito do que para o deputado estadual, justamente por causa da semelhança no perfil dos dois candidatos. Com Lelo na disputa, os votos se dividiriam. Para o governador seria imprescindível que o prefeito Luciano Rezende, apoiado pelo ex-governador Renato Casagrande (PSB), viesse a perder a disputa à reeleição. Resumindo, Hartung teria entendido na reta final que a aposta em Amaro seria mais arriscada.
As movimentações do governador para derrotar Luciano Rezende em Vitória começaram bem antes da eleição. Ele teria impulsionado várias pré-candidaturas no sentido de congestionar o campo eleitoral e pressionar Luciano a desistir da disputa ou desidratar seu palanque retirando apoios.
Outro duro golpe para o Palácio Anchieta foi a saída inesperada do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) da disputa. Com a saída do tucano, Lelo, que até então era um candidato sem desacreditado pelo próprio partido na Capital, ganhou musculatura com a migração de parte de votos do tucano para ele. Mesmo sem contabilizar os votos migrados, a saída de Luiz Paulo do pleito, por si só, mexeu profundamente no processo.
Até aí tudo bem para o grupo de Hartung, o problema é que parte desses votos também migrou para Luciano Rezende. A declaração de apoio de Luiz Paulo ao prefeito ajudou ainda mais no fortalecimento do palanque do prefeito, assim como o apoio declarado do deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB), hoje, reconhecidamente, um indutor de votos.
O crescimento de Lelo na campanha se tornou nos últimos dias mais uma alternativa para o governador derrotar o grupo de Luciano e Casagrande. Por isso, a estratégia seria a de angariar apoios de todos os tipos para inflar o palanque do peemedebista até o domingo (2), com o objetivo de Lelo ultrapassar de forma espetacular Amaro Neto nesta reta final.