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Ministério Público pede a cassação da candidatura de Daniel da Açaí

O Ministério Público Eleitoral (MPE) denunciou o empresário Daniel da Açaí (PSDB), candidato a prefeito de São Mateus (região norte), por abuso do poder econômico. A promotoria acusa o tucano de distribuir água mineral à população no período que antecede o pleito deste ano. Na ação, o MPE pede a cassação do registro de candidatura de Daniel e do seu vice, Doutor Zé Carlos (PMDB), além da inelegibilidade de ambos por oito anos. O caso será analisado pelo juízo da 31ª Zona Eleitoral do município.

A ação teve com base os relatos de doações de água à população por meio da chamada “Liga da Solidariedade” (foto ao lado). O MPE narra que o suposto abuso de poder econômico foi praticado por meio de “massiva distribuição de água e de caixas d’água à população de São Mateus, com vinculação da benesse ao candidato representado”. O fato ocorreu entre setembro do ano passado até o início deste mês, quando a juíza eleitoral determinou a suspensão da distribuição com base, atendendo ao pedido do MP eleitoral.

No período, a população mateense sofre com os efeitos da crise hídrica, tanto que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) do município foi obrigado a perfurar poços artesianos na tentativa de suprir o abastecimento de água–distribuída hoje com teor de cloreto de sódio (sal) acima do permitido pelas autoridades de saúde.

Contudo, para o Ministério Público, o empresário – dono da empresa Água Mineral Açaí – teria se valido da grave crise hídrica que atinge o município para iniciar a distribuição da água. Com base em reportagens de sites locais, a promotoria alega que o empresário chegou a adquirir novos caminhões-pipas para auxiliar a distribuição da água, sobretudo, para a população carente. O texto cita, inclusive, uma entrevista em que Daniel admite distribuir água para todos os bairros do município e é apresentado pelo entrevistador como organizador da Liga.

“Todavia, o que poderia ser tido como ato de altruísmo, revelou, desde o início, o real propósito de desequilibrar o pleito eleitoral de 2016. […] Ocorre que, agora, o requerido é candidato a prefeito nas eleições que se avizinham e a doação de quaisquer bens ou serviços, públicos ou privados, afronta a legislação eleitoral”, narra a ação, que acusa o empresário de ter vinculado a distribuição de água mineral à sua candidatura.

Para o Ministério Público, a afronta à legislação eleitoral restou configurada devido à presença de adesivo com nome da empresa de Daniel nos caminhões que faziam a distribuição da água, apesar dos veículos também estarem identificados com a logomarca em alusão à Liga da Solidariedade:

“É flagrante a tentativa do representado de ofertar benesse gratuita aos eleitores munícipes, mas, como tem ciência de que não pode fazê-lo por meio do seu nome, vez que há impedimento legal para isso, o faz por meio de sua empresa, cuja imagem está quase que intimamente ligada a ele próprio. É dizer, ao menos neste município, que a empresa ‘Água Mineral Açaí’ e Daniel da Açaí são a mesma coisa, até mesmo porque o nome utilizado pelo requerido é Daniel da Açaí, e não ‘do açaí’, onde este último faria menção ao fruto ‘açaí’, enquanto ‘da açaí’ está claramente relacionado à empresa em testilha”, afirma.

O advogado do candidato, Altamiro Thadeu Frontino Sobreiro, disse que vai aguardar a notificação para responder à acusação nos termos formulados pelo MPES. No entanto, a defesa disse que a ação não vai atrapalhar o pleito em nada. “Não há qualquer prejuízo à candidatura do Daniel da Açaí”, declarou à reportagem de Século Diário.

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