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Aracruz Celulose (Fibria) ataca agora as restingas capixabas

De olho na verdadeira “caixa d'água” do norte do Estado, há poucos metros de profundidade em solo arenoso, a Aracruz Celulose (Fibria) tem se instalado agora nas áreas de restinga da Foz do Rio Doce, em Pontal do Ipiranga, Linhares.  A abundância de água e a facilidade de ser captada pelos plantios de eucaliptos se devem ao relevo da região: Ele vai baixando a altitude à medida que se aproxima do mar, então concentra a vazão de rios, sem falar nas lagoas e veredas.

Depois de criar um imenso deserto verde mais ao norte e no noroeste capixaba, criminalizar indígenas e aprisionar quilombolas em meio a exércitos de árvores, guardas particulares e Polícia Militar, agora a multinacional quer sugar a água e destruir a biodiversidade nas restingas, ainda mais frágil que na Mata Atlântica de tabuleiro.

Esta semana a Aracruz Celulose reuniu algumas pessoas próximo à área de eucalipto, para relatar como fará esse corte, na região de Ipiranguinha, próximo à comunidade. Segundo relatos, a operação será feita durante a noite e o transporte das toras, por carretas, em estradas que serão “melhoradas” para este fim.

A presidenta da Associação de Moradores de Pontal do Ipiranga, Mônica Silva Pazinatto, no entanto, reclama que não foi feito nenhum comunicado formal a nenhuma das associações da região e tudo o que se sabe é por meio de conversas paralelas, tudo muito truncado, o que deixa muita insegurança na comunidade. “Em momento algum perguntaram a opinião da comunidade. O que eu sei são informações de terceiros. Simplesmente vieram aqui e comunicaram, para um grupo de umas vinte pessoas, como ela vai fazer o corte”, destaca.

Mônica, no entanto, fala da apreensão dos moradores com a situação. Desde o motorista do ônibus escolar, que não vê como a precária estrada comportar o trânsito de carretas, até os  moradores mais conhecedores da fragilidade ambiental da região, que acreditam se tratar de Área de Preservação Permanente (APP). “A Estrada de Degredo é cercada de APP, é mata de um lado e de outro. Não tem como abrir. Teria que sentar com as comunidades de Pontal do Ipiranga e explicar o que vai acontecer”, afirma.

A chegada das monoculturas de eucalipto na Foz do Rio Doce é muito grave, pois a seca também tem sido sentida na região. Rios, córregos e lagoas reduziram muito sua vazão. E as veredas, uma das peculiaridades locais, praticamente desapareceram. A água disponível ainda sob a areia merece uma destinação mais nobre e humanitária do que fazer crescer mais um deserto verde no solo do Espírito Santo. 

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