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MPA denuncia pulverização aérea de agrotóxico proibido em Jaguaré

Surge mais uma denúncia em relação ao uso de agrotóxicos na cidade de Jaguaré, na região norte do Estado. Desta vez, a acusação é sobre a pulverização aérea do veneno agrícola Rubrik, que é proibido de ser aplicado deste modo no Brasil. Segundo o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o caso não se restringe apenas ao município, sendo possível detectar eventos próximos em diversos locais do País e do Estado.

 
A aplicação aérea do Rubrik não é permitida porque o agrotóxico possui classe toxicológica II, que tem alto risco de contaminação ao meio ambiente.
 
A utilização do veneno acontece principalmente pela inoperância dos órgãos responsáveis pela fiscalização, em especial o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf). Segundo Valmir José Noventa, do MPA, não há preocupação deles pela fiscalização. O que fala mais alto, em geral, é o poder econômico das grandes empresas – que, com estoques do veneno, não se sentem acuadas em utilizar o agrotóxico proibido e, por consequência, cometer um crime ambiental.
 
“Hoje já não temos mais condições de medir o número de famílias e espécies de animais que foram contaminados por venenos em Jaguaré”, conta Noventa. A região sofre há muitos anos com a utilização desmedida de agrotóxicos – legais e ilegais –, acumulando contaminações de córregos e áreas de reserva, além de animais e dos próprios seres humanos.
 
Apesar de ser considerada a capital nacional do café Conilon, Jaguaré já começa a ser chamada por “Capital do Conilon envenenado e do desrespeito aos Direitos Humanos”. Isso porque a alta produtividade do produto vem principalmente do uso abusivo dos agrotóxicos, denunciado largamente por movimentos sociais, indicando casos de pulverizações realizadas em cima de escolas agrícolas, comunidades rurais, áreas de proteção ambiental e nascentes de rios. 
 
Além de casos de pulverização aérea, também há diversas denúncias sobre vazamentos de agrotóxicos altamente tóxicos em Jaguaré. Em outubro deste ano, por exemplo, uma quantidade de Endolsulfan, veneno banido de 45 países, vazou para um córrego na comunidade de São João Bosco. O vazamento do agrotóxico causou a morte de peixes e aves, além de ter atingido a água e o solo da região.
 
Segundo Noventa, os moradores de Jaguaré começaram a conviver, inclusive, com o desaparecimento de espécies como abelhas, hoje dificilmente encontradas na região.
 
Com a falta de fiscalização, cidades como Vila Valério e Nova Venécia criaram leis municipais proibindo a utilização aérea de agrotóxicos. Na primeira, a legislação vigora desde agosto do ano passado, impondo multa de R$ 16 mil ao produtor que descumpri-la. 
 
De acordo com o engenheiro agrônomo Luis Augusto Aragão, do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Caoa), os municípios de Vila Valério e Jaguaré, bem como suas adjacências, não comportam a aplicação aérea de agrotóxicos, por serem entrecortados por muitos rios, córregos e cursos d’água. O fato dificulta muito a existência das distâncias mínimas de 500 metros exigidas para o uso próximo a mananciais, de acordo com as regras estabelecidas pela instrução normativa 011-n, emitida pelo Idaf, que rege a pulverização de venenos por aeronave no Estado.

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