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Menos de um mês para evitar queda de 50% na produção de alimentos em 2017

Após conseguirem reverter a proibição da irrigação em audiência pública na Câmara de Santa Maria de Jetibá, região serrana, nesta segunda-feira (24), agricultores familiares alertam: se não chover, produção vai cair e preços irão aumentar em 2017. Eles afirmam que a estação chuvosa precisa começar até meados de novembro para evitar queda de até 50% na produção de olerícolas e o consequente aumento nos preços ao consumidor.

Irrigar as olerícolas por apenas três horas durante o dia e, as hortaliças à noite, como foi firmado no acordo entre os produtores rurais, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) e a prefeitura Municipal, não é suficiente. “Precisa chover!”, clama Selene Tesch, presidente da Associação de Agricultores e Agricultoras de Produção Orgânica Familiar de Santa Maria de Jetibá (Amparo Familiar).

O acordo com essas duas permissões para irrigação no município havia sido feito no final de 2015, quando a crise hídrica começou a se intensificar. Ao ser suspenso, com a proibição total de irrigação em setembro último, a situação ficou insustentável no campo.  Na audiência pública desta segunda, os 400 agricultores presentes cobraram uma solução e o acordo foi retomado.

Algumas culturas precisam que a promessa de água mais abundante dos céus se cumpra, seguindo o calendário climático tradicional, até no máximo meados de novembro. Já as hortaliças, por produzirem mais rápido, em torno de 60 dias, podem aguardar um pouco mais.

O problema é mesmo com as olerícolas em geral, como inhame, aipim, abóbora, batata baroa e cenoura, que levam de seis meses a um ano pra iniciar a colheita, e precisam ser plantadas dentro de no máximo três semanas. Caso contrário, a safra de 2017 em Santa Maria de Jetibá pode cair pela metade e aumentar significativamente os preços nas feiras. “O povo já parou de plantar. Cada proprietário diminuiu o plantio por conta própria. Se não vier, a produção vai cair”, alerta Selene.

Na audiência também foi iniciada a participação das associações de produtores familiares no estudo que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria está fazendo sobre a cobrança pelo uso da água na agricultura. “A água está escassa mesmo. No meu tempo de vida, nunca vi uma escassez assim. Mas com cuidado a gente consegue organizar”, afirma a Selene.

Outro alerta é com relação ao aumento do uso de agrotóxicos, um dos principais inimigos das abelhas. A redução da população das polinizadoras vem sendo percebida há muito tempo e, este ano, a escassez fez piorar ainda mais o problema. A falta de mel já é realidade nas feiras orgânicas há cerca de um mês e, caso o uso dos agrotóxicos se mantenha, dentro de cinco anos não haverá mais abelhas e, com isso, vai faltar alimento. “As abelhas fazem praticamente toda a polinização nas lavouras”, ressalta. 

Acordo semelhante ao dos agricultores de Santa Maria de Jetibá já foi firmado em Marechal Floriano e Domingos Martins, em que a irrigação é permitida dentro de alguns critérios, beneficiando algumas culturas em períodos do dia ou da noite. Os municípios, além de Santa Leopoldina, estão às margens dos rios que abastecem a Grande Vitória, o Jucu e o Santa Maria da Vitória. 

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