As eleições deste ano deveriam ter sido mais democráticas. Pelo menos foi essa a ideia vendida pela minirreforma eleitoral. Mas no frigir dos ovos o que se viu foi uma eleição em que os candidatos com mais apoios, mais tempo de TV, mais recursos, mais representatividade tiveram uma larga vantagem em relação aos adversários.
No segundo turno, os candidatos que terminaram a primeira etapa na frente, em sua maioria, confirmaram o favoritismo no segundo turno. Das 57 cidades em que houve dois turnos, em apenas 14 houve reviravoltas. Duas delas, por sinal, foram no Espírito Santo, com os prefeitos Juninho (PPS), em Cariacica, e Audifax Barcelos (REDE), que conseguiram a reeleição de virada no segundo turno, respectivamente, para cima Marcelo Santos (PMDB) e Sérgio Vidigal (PDT).
Em Vitória, o prefeito Luciano Rezende (PPS) terminou na frente e venceu também no segundo turno por uma diferença muito apertada. Das cidades com segundo turno no Estado, apenas o prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM) não conseguiu sequer avançar para o segundo turno.
O problema para esses prefeitos que saíram vitoriosos é que essas vitórias foram muito apertadas, o que dividiu as cidades e as lideranças políticas. Nesta segunda-feira (31), os deputados Hércules Silveira (PMDB) e Enivaldo dos Anjos (PSD) bateram boca na Assembleia por causa das eleições em Vila Velha. O deputado do PMDB criticava Neucimar Fraga, enquanto Enivaldo tentava defender o correligionário derrotado por Max Filho (PSDB) nesse domingo (30).
Esse clima acirrado coloca os eleitos em uma situação delicada, podendo fortalecer a oposição nos municípios. Em muitas dessas disputas ficou evidente o peso da máquina. Os prefeitos disputaram a eleição com a prefeitura na mão, garantindo assim um bom contingente de comissionados na rua, pedindo votos. Faz parte do jogo.
Agora o desafio desses prefeitos reeleitos será o de construir a sucessão, porque em 2020 os grupos que se enfrentaram este ano devem novamente protagonizar disputas, se não com os mesmos nomes, apoiando aliados. A votação desse domingo não deve encerrar o embate político nas principais cidades do Estado e tem reflexo nas eleições estaduais de 2018.
Fragmentos
1 – Tem liderança política achando que Paulo Hartung (PMDB) está desesperado com a vitória de Luciano Rezende (PPS). Mas o prefeito já deixou nas entrelinhas de suas primeiras falas que vai fazer de tudo para se aproximar do Palácio Anchieta.
2 – Luciano Rezende parece não ter entendido o recado das urnas. Mesmo tendo vencido por uma votação bem apertada, não permite ser questionado sobre sua votação. Continua cego por números de avaliações exteriores que sempre foram positivos, bem antes de ele ser eleito em 2012.
3 – A Comissão de Finanças de Vitória, presidida pelo vereador Max da Mata (PDT), aliado do candidato Amaro Neto (SD), realiza nesta terça-feira (1) uma reunião para discutir o Orçamento de Vitória de 2017.