A versão completa também traz dados sobre as mortes por agressão e os instrumentos usados pelos autores. Segundo o Anuário, do total de mortes por agressão registradas em 2014, 1.291 foram por arma de fogo, 259 por objeto cortante e 58 por outros meios.
No caso das armas de fogo, o Mapa da Violência 2016 – Homicídios por armas de fogo no Brasil, lançado em agosto deste ano, se aprofunda na questão. De acordo com o estudo, a taxa de mortes por arma de fogo em 2014 foi de 35,1 mortes por grupo de 100 mil habitantes, deixando o Estado na 5ª posição nacional entre os mais violentos e em 1º entre os estados do Sudeste. Entre 2013 e 2014 houve aumento de 4,8% nesta taxa, saindo de 33,5 em 2013 para 35,1 em 2015.
No entanto, é entre os jovens que ocorre o maior índice de mortes por arma de fogo no Estado. Em 2014, a taxa de pessoas com idades entre 15 e 29 anos que morreram vitimas de armas de fogo foi de 92,5 por 100 mil, índice que equivale ao extermínio da juventude. O Mapa anterior, que teve como base o ano de 2012, apontou que a taxa de morte de jovens por arma de fogo foi de 91,8 por 100 mil, ou seja, a cada ano o índice recrudesce.
O dado sobre o número de inquéritos de homicídios instaurados no Estado não foi fornecido pelo governo para a elaboração do Anuário, por isso, não é possível saber o número de inquéritos instaurados; relatados com indiciamento ou homicídios esclarecidos; relatados sem indiciamento; ou relatados com autoria de criança ou adolescente e/ou adolescentes autores de homicídio.
A falta do dado pegou de surpresa o presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado (Sinpol/Assinpol), Junior Fialho. Ele conta que a falta de efetivo para a apuração de inquéritos é grande e que boa parte dos inquéritos em que passam as 48 horas da ocorrência não são apurados por falta, principalmente, de policiais para atuarem na investigação.
Fialho ressalta que a redução de homicídios no Estado aconteceu por uma ação pontual do governo do Estado, no período de gestão do ex-governador Renato Casagrande (PSB), em que foram nomeados cerca de 500 investigadores aprovados no concurso de 1993. Ele frisa que a redução dos homicídios está intimamente ligada à recomposição do efetivo policial e, caso não ocorra, o Estado pode ver os índices disparem novamente.
Enquanto a Polícia Civil definha no Estado, segundo o Anuário, entre 2014 e 2015 houve queda de 57,4% nas despesas com policiamento, saindo de R$ 84,6 milhões em 2014 para pouco mais de R$ 36 milhões em 2015.
Um levantamento feito pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindipol-ES) com base nos dados atualizados da Polícia Civil mostra uma defasagem de 1.428 policiais civis, o que equivale a quase 38%.
Além disso, muitos policiais estão se aposentando e a recomposição do efetivo não ocorre. Além da falta de recomposição, a sobrecarga de trabalho e o adoecimento de policiais fazem com que os profissionais precisem se afastar a instituição, reduzindo ainda mais o quadro de policiais em atuação.
Há casos de delegacias regionais da Grande Vitória que operam com apenas três policiais por plantão, quando a legislação prevê 30.
Em algumas dessas unidades os próprios policiais tiveram de arcar com serviços como limpeza de caixa de gordura e manutenção de ar condicionado, além de fazerem “vaquinha” para a compra de água mineral.