Na cidade, os manifestantes realizam um grande Encontro, marcando um ano do crime. O evento é organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e conta com a presença de lideranças políticas, representantes de movimentos populares da América Latina, artistas e religiosos. A programação segue até esta sexta e sábado (4 e 5) e uma caminhada em Bento Rodrigues encerrará as atividades.
Nesta quinta, ex-moradores de Bento Rodrigues seguiram para o distrito destruído para gravação de um vídeo com a Banda Falamansa. A banda, reconhecida nacionalmente, já gravou um vídeo clip – produzido em parceria com as ONGs capixabas Instituto Últimos Refúgios e Instituto O Canal – junto com o músico Gabirel o Pensador e realizou shows em homenagem aos atingidos.
No terceiro dia da Marcha, na quarta-feira (2), os manifestantes entraram na Barragem da Usina Hidrelétrica de Candonga, município de Rio Doce (MG), com objetivo de alertar sobre a iminência da barragem se romper a qualquer momento, à medida que se intensificam as chuvas.
A barragem continua retendo 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos que vazaram de Fundão e, se romper, inundará a cidade de Santana do Paraíso. Foi possível entrar na barragem porque o rio está extremamente assoreado, seco. “Não tem água, só a lama. E ficou claro que os riscos de rompimento de Candonga é muito alto”, testemunham membros do Coletivo de Comunicação do MAB.
“A hidrelétrica de Candonga representa um risco para os já atingidos e para a população que mora perto da área, pois seu futuro, se depender da Vale, é ingrossar as fileiras do MAB em suas marchas. As mineradoras não se importaram com vidas há um ano e dificilmente se importarão caso novo rompimento ocorra”, afirma o Coletivo.
Na quarta-feira (3) uma caminhada pelas ruas de Barra Longa também alertou sobre os riscos de novos rompimentos. Barra Longa não tem rota de fuga caso isso aconteça, pois a estrada para Ponte Nova, cidade mais próxima, é de chão e todos os moradores já sabem que, quando chove, ela é praticamente intransitável.
A empresa reinaugurou a praça da cidade no último dia 30, véspera do início da Marcha. Lavou as fachadas das casas na rua principal e trocou o piso da rua, retirando as marcas do crime. Mas os manifestantes denunciam que, por debaixo da maquiagem, a violação dos direitos continua e nenhuma medida efetiva foi tomada para ressarcir os atingidos.