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Reeleito, Luciano Rezende volta à mesmice: cortar a Praça do Cauê

Rejeitada por moradores em 2013 em duas audiências públicas, a proposta de corte da Praça do Cauê, em Praia de Santa Helena, será retomada pela Prefeitura de Vitória. A ideia é estender a praça em direção às calçadas e instalar uma ligação direta entre a Avenida Nossa Senhora da Penha e o pedágio da Terceira Ponte. A justificativa é melhorar o fluxo do trânsito local, cotidianamente engarrafado. 
 
O professor do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), André Abe, é contra a ideia de cortar a histórica praça. Para ele, ela reproduz a lógica de pensar a cidade para o automóvel. “Sou contra. Se é para passar carro, não”, diz. O professor destaca que as cidades precisam ser pensadas como um todo. “Vai melhorar para quem? Está certa que ali é cabeceira de ponte, mas o que será oferecido em troca?”, questiona. 
 
O anúncio de retomada da ideia menos de uma semana após a reeleição de Luciano Rezende (PPS) mostra como o prefeito venceu sem propostas para a área de mobilidade. Destruir praças em favor dos carros em pleno século XXI é o cúmulo da mesmice, especialmente para uma gestão que se vangloria da implantação de ciclovias e do projeto Bike Vitória, sistema municipal de compartilhamento de bicicletas.
 
Não à toa, quem melhor entendeu o atraso da proposta foram os ciclistas e cicloativistas da Grande Vitória, que lutam por uma revisão do modelo de mobilidade na região. A Praça Cristovão Jacques foi rebatizada e virou a “Praça do Ciclista”, homenagem simbólica à preservação do espaço público contra o assédio carrocrata.    
 
Em uma das audiências, realizada em 22 de agosto de 2013 na Escola Fernando Duarte Rabelo, os do entorno da praça manifestaram franca oposição ao projeto. Cerca de 150 pessoas se reuniram, cerca de 30 moradores falaram ao microfone e apenas um apoiou o projeto de abertura da praça. Os moradores temem, sobretudo, a perda de qualidade de vida com a intensificação do fluxo automobilístico no local.
 
Claro que as constantes retenções no locais, especialmente nos horários de pico matutino e noturno, reclamam soluções. Mas, como ensinam especialistas na área, obras de engenharia como solução de mobilidade já nascem com data de validade vencida. 

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