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Um ano depois, expedição mostra que água do Rio Doce continua imprópria

Um ano depois do crime da Samarco/Vale-BHP, a contaminação do Rio Doce não cessou e ainda há arrasto de sedimentos por toda a bacia. Essas foram as constatações mais graves da segunda expedição da Fundação SOS Mata Atlântica desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).

As análises recentes foram feitas de 19 a 28 de outubro e, dos 18 pontos, 14 permanecem sem condições de uso, sendo que 13 ainda estão sem vida (nove classificados como péssimo e quatro como ruim) e um estava soterrado, sem condições de coleta. Na primeira expedição, realizada entre 6 e 12 de dezembro de 2015, o índice de Qualidade de Água (IQA) foi péssimo em 16 localidades e em duas a avaliação foi de regular.

“O despejo contínuo de rejeitos de minério na região de cabeceira da bacia hidrográfica mantém os rios mortos e sem condições de usos, apresentando riscos à saúde das comunidades ribeirinhas, aos animais e ecossistemas”, afirma o relatório da expedição.

Apenas três pontos apresentaram melhora, sendo três classificados como regular e um como ótimo. “Notamos como a presença de vegetação nativa protege a água, pois nos trechos onde existe remanescente de Mata Atlântica, nas áreas protegidas que não foram arrastadas pela lama, três pontos se recuperaram”, acrescenta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da ONG.

Nesses três pontos que apresentaram melhora, foi possível encontrar fauna e flora, incluindo uma família de antas. Malu alerta, no entanto, que, caso o nível de chuvas se intensifique na região, aumentando a vazão de água da bacia do Rio Doce, há risco desses trechos receberem sedimentos novamente, se não houver ações de recuperação.

Nada mudou

“Como passou um ano e nada praticamente mudou, se as ações de recuperação não começarem, levaremos mais de uma década para que esses rejeitos de minérios, que não decantam, deixem de ter impacto na bacia do Rio Doce”, conta a coordenadora.

Chamou atenção os elevados índices de turbidez (redução da transparência da água devido à presença de resíduos em suspensão). Enquanto a legislação permite no máximo 100 NTU, em localidades como Barra Longa do Rio Doce e São José do Goiabal foram registrados 4.990 NTU e 2014.1, respectivamente.

Os níveis de manganês em água potável (0,1mg/L) também foram muito maiores do que o permitido. Os pontos com maiores índices foram em Ipatinga (Rio Doce x Rio Piracicaba) com 2,76 mg/L; em Barra Longa – Rio Doce com 1,97 mg/L e em Perpétuo Socorro – balsa Rio Doce com 1,28 mg/L.

A ONG denuncia que as obras realizadas até o momento visam apenas evitar novos danos, repercutindo ainda o rompimento da barragem, mas que nenhuma medida de recuperação do Rio Doce ainda foi tomada.

O relatório será encaminhado aos Ministérios Públicos Federal e dos Estados, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério do Meio Ambiente, Frente Parlamentar Ambientalista e comitês de bacia.

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