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Hartung sanciona lei que abre brecha para descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal

O governador Paulo Hartung (PMDB) sancionou, nesta terça-feira (8), a Lei Complementar nº 835, que institui o Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) no âmbito do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A partir de agora, o tribunal poderá firmar acordos com gestores para postergar, por até dois anos, o cumprimento de obrigações previstas em lei. A “flexibilização” das normas fiscais foi alvo de polêmica na aprovação da proposta pela Assembleia Legislativa no final de outubro. Os efeitos da nova lei entraram em vigor, a partir de sua publicação.

O TAG vai permitir que os gestores possam regularizar atos e procedimentos sem a necessidade de deflagração de um processo. Ainda segundo a lei, a iniciativa do acordo poderá partir tanto pelo presidente da Corte quanto pelos conselheiros-relatores ou o procurador-geral de Contas. a assinatura do termo depende da aprovação do plenário. Em todos os casos, o Ministério Público de Contas (MPC) deverá se manifestar nos procedimentos administrativos de celebração dos termos.

A expectativa é de que o TAG seja adotado pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJES), que hoje está acima do teto de gastos com pessoal – de acordo com os limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Pelo prazo estipulado pela LRF, o tribunal deveria retornar às margens legais até o fim deste ano, porém, o índice de despesas segue longe de alcançar o máximo admitido, que é de 6% da Receita Corrente Líquida (RCL), sendo que hoje é de 6,18%. Caso seja firmado um acordo, o TJES teria mais 24 meses para atingir esse objetivo.

Durante a votação do projeto, de autoria do próprio Tribunal de Contas, os servidores do Poder Judiciário acompanharam a sessão da Assembleia. O sindicato da categoria chegou a encaminhar uma carta aos deputados, pedindo a rejeição do processo por conta de sua suposta inconstitucionalidade. Na avaliação da entidade, o texto é inconstitucional, que não existe instrumento semelhante no Tribunal de Contas da União (TCU). Outra crítica é quanto à possibilidade do acordo servir como uma margem para descumprimento da lei.

O projeto foi aprovado, em regime de urgência, com 20 votos favoráveis contra apenas dois votos – dos deputados Sérgio Majeski (PSDB) e Guerino Zanon (PMDB).

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