sábado, novembro 16, 2024
27.1 C
Vitória
sábado, novembro 16, 2024
sábado, novembro 16, 2024

Leia Também:

Reflorestar tem meta de apenas 150 hectares no norte nos próximos cinco anos

Região castigada há décadas com a desertificação imposta pelas monoculturas de eucalipto, cana-de-açúcar e pasto, a região norte do Espírito Santo receberá, nos próximos cinco anos, meros 150 hectares de recuperação vegetal pelo Programa Reflorestar, do governo estadual.

“É completamente insignificante”, avalia Daniel Mancio, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem a implantação do Programa Reflorestar como uma de suas pautas de reivindicação ao governo estadual.  “É um programa que tem certo orçamento, mas que está travado, não acontece”, critica.

Daniel afirma que não há nenhuma família ligada ao MST beneficiada nessa ação. E lamenta a inoperância do governo em atuar na raiz do problema da crise hídrica. “É dever do Estado investir nessa tarefa de recuperação ambiental”.

O anúncio do Termo de Cooperação Técnica, feito nesta quarta-feira (9), cita gigantes do setor produtivo e não-governamental envolvidos. Muito dinheiro para tão pouca ação: Coca Cola Brasil, Leão Alimentos e Bebidas e as ONGs The Nature Conservancy (TNC) e Instituto BioAtlântica (IBio), além dos Comitês das Bacias Hidrográficas do Barra Seca e Foz do Rio Doce.  

A área escolhida é a dos córregos do Cupido e do Pau Atravessado. Além da recuperação de apenas 100 a 150 hectares de vegetação, o acordo prevê também o Cadastro Ambiental Rural (CAR) de 51 propriedades rurais, feito pelo IBio com recursos da Coca Cola, Leão e TNC. “Parece medida compensatória pontual e de baixíssimo impacto numa área que precisa de uma recuperação gigantesca”, reflete Daniel.  

Recursos dos Comitês de Bacia, provenientes da cobrança pelo uso da água, serão utilizados para ações complementares, como saneamento e adequação de estradas. O governo estadual vai arcar com o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), repassando aos produtores rurais valores referentes à proteção de floresta em pé, à compra de insumos para recuperação de nascentes e Áreas de Preservação Permanente (APPs) e à implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs).

Desde 2011, quando o governo do Estado lançou o programa Reflorestar, anunciou que 4,8 mil hectares foram incorporados, atendendo até agora aproximadamente 1.800 produtores, e a meta é de aumentar em 80 mil hectares a cobertura florestal em todo o Espírito Santo até 2018. A matemática não está contribuindo, definitivamente, com o alcance dos objetivos. Enquanto isso, muita propaganda e muito alarde sobre resultados, infelizmente, ínfimos. 

Mais Lidas