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Escassez de terrenos em Vitória explica cobiça do setor imobiliário pela área do Parque Tecnológico

Os olhos grandes que o setor imobiliário capixaba está depositando sobre a área que a Prefeitura de Vitória destinou à construção de um Parque Tecnológico podem ter uma razão simples: a escassez de terrenos disponíveis na capital capixaba, onde se concentram os metros quadrados mais valorizados do Estado. A área ostenta proporções respeitáveis: 332 mil metros quadrados, um paraíso numa cidade com adensamento consolidado. Onde mais construir nesta ilha de 90 quilômetros quadrados?
 
O Plano Diretor Urbano (PDU) de Vitória destinou a área, em Goiabeiras, para o desenvolvimento exclusivo de laboratórios, coworkings, aceleradoras, startups e outras empresas do setor tecnológico. E o que quer o setor imobiliário, em questão de ordem levantada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES)? Destinar uma fração da área para o desenvolvimento de empreendimentos imobiliários.
 
“Áreas livres devem ser destinadas para coisas novas, portadoras de futuro”, sustenta o economista Arlindo Villaschi, que, em mais de uma ocasião, já defendeu a aplicação do mesmo princípio a outras três áreas livres da cidade, Zona de Equipamentos Especiais – 8 (ZEE-8), na região do Shopping Vitória, o Álvares Cabral e o estádio do Vitória, ambos em Bento Ferreira.
 
A demanda do Sinduscon-ES é precisamente o contrário de futuro ao defender a destinação de uma grande área livre para a mesmice dos negócios imobiliários – o setor imobiliário tradicional cultiva com especial carinho a premissa de que qualquer área livre nas cidades pode ser legada para a construção de prédios. 
 
O próprio processo de revisão do PDU entre os moradores mostrou tendência diferente: Jardim Camburi, o bairro que mais cresce na Grande Vitória, justamente por ser o foco da fúria imobiliária, quer rever o próprio crescimento com diminuição da altura dos novos prédios. 
 
Já circula na internet um abaixo-assinado a favor da manutenção do projeto original do Parque Tecnológico no PDU. “Há 25 anos debate-se a construção de um parque tecnológico em Vitória. Agora que estamos na reta final e prontos para iniciar as obras alguns proprietários de uma parte importante do terreno destinado ao parque querem alterar o PDU da região para permitir construções residenciais (…). Na prática essa alteração inviabilizaria o desenvolvimento do parque tecnológico, impedindo a criação de novos empregos e o desenvolvimento sustentável para a nossa região”, diz o texto.
 
O assunto deve ser um dos principais temas da reunião de apresentação da minuta do PDU na Regional Goiabeiras, que acontece na próxima terça-feira (13). O encontro será a partir das 19h, na Escola Marechal Mascarenhas de Moraes, em Maria Ortiz.

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