Procuradas pelas lideranças comunitárias locais, as empresas vizinhas ao bairro, entre elas a Aracruz Celulose (Fibria), negam qualquer responsabilidade com o problema.
O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), por sua vez, ao ser demandado para uma vistoria, afirmou, por telefone, que foi ao local na terça-feira (20), mas não prestou qualquer esclarecimento à população.
Na manhã desta quarta-feira (21), com a continuidade do mau cheiro, novos contatos feitos pelas lideranças chegaram a uma informação de que o órgão irá se reunir com a comunidade às 21h desta quarta-feira (21), junto com a Aracruz Celulose.
A empresa informou ainda que cederá o equipamento necessário à vistoria do vazamento gasoso, já que o Iema não dispõe do mesmo. “É a polícia pedindo a arma emprestada ao bandido pra fazer o seu trabalho”, ironiza o ambientalista Herval Nogueira, morador local e ativista da Rede Alerta Contra o Deserto Verde.
Barra do Riacho é uma das comunidades mais devastadas pelo crescimento industrial que caracteriza o Espírito Santo. Aracruz Celulose (Fibria) e seu Portocel, Jurong e Imetame são as principais gigantes que assinam o processo de destruição da localidade, que já foi uma bucólica e bela vila de pescadores.
Há mais de uma década, nem água potável a população recebe em suas torneiras, por onde jorra uma água amarelada e mal cheirosa. Prostituição, criminalidade, uso de drogas crescem contínua e vertiginosamente, em contraste com a qualidade ambiental e a empregabilidade, que só despencam.
Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto na Assembleia Legislativa, a sociedade civil voltou a cobrar investigação sobre os poluentes emitidos no ar pela Aracruz Celulose, sem sucesso. As chaminés das três usinas da empresa emitem há décadas um pó preto que afeta principalmente seus trabalhadores, mas também os moradores vizinhos. O Iema, no entanto, não informa sequer que gases são esses.