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Encorajados pela última caminhada ecológica organizada pela Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC), dois leitores se lançaram a conhecer o Parque Atlântico e enviaram os registros fotográficos à Redação de Século Diário. Os irmãos Jovana Aparecida e Jovan Augusto Demoner, moradores de Jardim Camburi e Jardim da Penha, respectivamente, se somam à luta da AAPC e defendem a implementação do Parque e sua transformação numa área de lazer da cidade.

“Sempre tive vontade de conhecer, mas nunca tive coragem, devido ao isolamento”, conta Jovana. O irmão já havia velejado por lá e parado numa praia de águas limpas e sempre lhe contou sobre o Parque Atlântico, mas também ainda não tinha caminhado até lá nem se banhado nas praias.

“Passamos pelo esgoto, pelos lixos, por pessoas que estão morando de forma precária ali … mas você vai andando, vai andando e começa a ver garças, e lá na frente, quando começa a avistar os galpões do Porto, aparecem os corais, a água fica clara, você vê o fundo, a areia, os peixinhos, as algas … muito forte: existe vida!”, narra, contente.

“Dá pra ver a lama, que deve ser do passivo [da Vale e das operações de Tubarão], mas tem toda essa beleza também. Poderia ser um ponto turístico de Vitória!”, sugere Jovan. Dias depois do surpreendente passeio, desta vez pelo calçadão de Camburi, a turbidez e o mau cheiro da água na altura do píer e do antigo Hotel Canto do Sol, já não convidaram ao mergulho feito às vésperas no Parque Atlântico.

No papel desde 2007

Criado pela Prefeitura de Vitória – Decreto 13.377, de 5 de junho de 2007 – o Parque Atlântico nunca saiu do papel e é um dos itens “em negociação” dentro do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do passivo ambiental, que está sendo elaborado por meio de uma comissão envolvendo sociedade civil, Vale, Prefeitura de Vitória e Ministérios Públicos Estadual e Federal.

A criação de uma área de lazer na região também é uma reivindicação antiga da AAPC, que deixou essa necessidade mais explícita com a última caminhada ecológica, que levou os aventureiros até o limite com o Porto de Tubarão.

Paulo Fernando Pedrosa, da AAPC, alerta, no entanto, que somente pessoas experientes em trilhas devem fazer a caminhada no Parque Atlântico, devido às dificuldades da trilha e do isolamento. “Se você se machuca por lá e está sozinho, vai ser perigoso, vai passar dificuldade”, alerta.

Único manguezal sobre laterita

Edson Valpassos, gerente de Controle e Monitoramento de Ecossistemas da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam), acrescenta, ao já explícito apelo paisagístico do local, para suas peculiaridades ecológicas, como o fato de ser a única área em Vitoria que tem manguezal próximo à laterita. “Formações de manguezal sem aporte de água doce e que se desenvolvem sobre rocha e areia, são excepcionais”, afirma Valpassos.

Outra singularidade do Parque é ser o ponto de transição geomorfológico entre as formações terciárias, ao sul, e o tabuleiro (quaternário), ao norte. E além disso, preservar uma fauna de peixes muito rica, apesar de toda a poluição do mar.

Ainda sob efeito do encantamento pela nova descoberta em seu bairro, Jovana apela para que as disputas e os conflitos políticos não atrapalhem a implementação do Parque Atlântico. “O que pode ser feito, em conjunto com todos os interessados, já?”, provoca.

A próxima caminhada da AAPC até o Parque Atlântico e o limite com o Porto de Tubarão será no dia 7 de janeiro. 

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