A venda do Clube Saldanha da Gama, na Avenida Vitória, foi autorizada pela Câmara de Vereadores, na quinta-feira (29) última, para que a edificação histórica seja usada exclusivamente para fins culturais. Ficou decidido que 70% do espaço será destinado a um museu. O recurso proveniente dessa operação poderá ser usado na restauração do Mercado da Capixaba e em outras ações relacionadas à preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade de Vitória.
O próximo passo do município é a elaboração de um edital de licitação por concorrência para que seja selecionada a melhor proposta de venda. O prefeito de Vitória, Luciano Rezende, já recebeu oficialmente o projeto de implantação do Museu da Imigração e Colonização do Solo Espírito-Santense, feito pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) neste ano. Todas as propostas apresentadas serão avaliadas.
Desde 2013 estava sendo articulada a regularização da edificação. O projeto quer permitir que a cidade use novamente o Saldanha como espaço cultural. O Saldanha foi referência histórica na prática de esportes e na realização de grandes bailes.
História
O Forte São João foi edificado no período colonial para proteger a cidade dos invasores. A fortaleza teve um papel imprescindível para a defesa da Capitania do Espírito Santo, principalmente a partir de 1592, quando o navegador inglês Candish, temido nos sete mares, ameaçava invadir a ilha. Com sua importância nas batalhas, tornou-se testemunho de resistência do povo capixaba que venceu por duas vezes os holandeses.
Em 1767, a edificação ganhou peças de artilharia e enormes paredes de pedra que transformaram o forte em uma figura imponente de defesa territorial. O Clube de Regatas Saldanha da Gama comprou a antiga edificação do Forte São João, em 1931. Apesar da prática de esportes ser a sua principal atividade, o Saldanha, a partir da década de 20, o cluce passou a investir em festas, concursos e eventos voltados para a elite capixaba.
Sempre contando com a influência de seus associados, passou por muitos reparos e reformas até 1984, quando se tornou um imóvel tombado pelo município. A partir daí, nenhuma obra que descaracterizasse a arquitetura original foi realizada. A muralha do clube é tombada em nível estadual e considerada de interesse de preservação.