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Emoção marca a Festa de Ticumbi, em Conceição da Barra

Foi neste último final de semana do ano de 2016 que se iniciaram por mais uma vez as tradições centenárias do Ticumbi de Conceição da Barra, no norte do Estado. O festejo teve abertura na última sexta-feira (30), com o Ensaio Geral de Ticumbi na comunidade ribeirinha de Porto Grande. No sábado (31), foi a vez do momento mais simbólico, a travessia de barco, seguida das apresentações de ticumbi no domingo (1).

Neste ano tudo ocorreu dentro da tradição. Vestidos de batas brancas e com as cabeças repletas de flores, os negros de Conceição da Barra atravessaram as águas do rio Cricaré para homenagear não só a imagem de São Benedito do Córrego das Piabas (foto de capa), mas o centenário de nascimento Hermógenes Lima Fonseca (foto ao lado) – folclorista, pesquisador sobre cultura popular e grande responsável por atentar o povo capixaba para a importância da cultura regional.

O saudoso Mestre Terto, um dos mestres que está à frente da festa por dezenas de anos, seguiu bravamente todo o percurso que começou no rio Cricaré, saindo de Porto Grande em direção à comunidade de Barreiras, onde o São Benedito do Córrego das Piabas é levado até o cais de Conceição da Barra. Lá ele é colocado lado a lado da imagem de São Benedito Padroeiro. Juntos ambos foram carregados até a comunidade de São Benedito, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde a missa foi iniciada no domingo pela manhã, seguida da dança.

Logo após a realização da missa, foi iniciado o ato de ticumbi, em que seus 17 membros iniciaram a dança ao ritmo de pandeiros, violas e cantigas. Ao som de seis pandeiristas, o cenário é formado por dois reis – Rei Congo e Rei Bamba –, dois secretários de reis e um estandarte. Os integrantes encenam uma disputa entre os dois reis que, segundo a tradição do povoado, cada um quer realizar a festa de São Benedito à sua maneira. Diante do impasse, de frente para a Igreja Matriz, o auto inicia-se com a primeira guerra do Rei Congo, uma guerra sem travar, seguida da guerra travada com o Rei Bamba. Em meio às batidas de espada, a roda prossegue em animação até que o Rei Congo vença a batalha.

Um dos momentos marcantes desta edição da festa foi a passagem em frente ao muro do cemitério da cidade, fazendo referência a Hermógenes. Sob os cânticos que reverênciavam o folclorista, o grupo de ticumbi se emocionou ao lembrar de Mestre Armojo, como era conhecido. 
 
As homenagens a Hermógenes continuarão no Baile de São Benedito e São Sebastião, na segunda semana de janeiro, em que mais uma vez o ticumbi marca presença com seus fiéis e tradição.

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