O objetivo, plenamente alcançado, foi consolidar o sentimento de união entre os atingidos não reconhecidos e traçar estratégias de mobilização e reivindicações junto às empresas, ao governo, à Justiça e ao Ministérios Públicos.
Essa força popular é essencial para legitimar o trabalho do Grupo Interdefensorial do Rio Doce (GIRD), formado pelas Defensorias Públicas do Espírito Santo, Minas Gerais e da União, que, por meio de nota técnica, solicitam ao Comitê Interfederativo (CIF) – formado pelos órgãos ambientais estaduais e federais, além dos municípios atingidos e responsável por fiscalizar as ações de reparação e compensação de danos socioambientais e econômicos realizadas pela empresa e sua Fundação Renova – que se manifeste favoravelmente ao reconhecimento dessas comunidades como atingidas pelo maior crime socioambiental da história do país.
Pois nessa quinta-feira (12), o Fórum Norte da Foz – formado por 12 comunidades atingidas ao Norte da Foz do Rio Doce, de Pontal do Ipiranga a Barra Nova, com apoio da Igreja Católica, Universidade Federal do Espírito Santo, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), dentre outras organizações públicas e privadas – endossou a criação do Fórum Foz Sul e Orla de Aracruz, este, composto por mais quatro comunidades: Santa Cruz, Barra do Sahy, Barra do Riacho e Vila do Riacho.
Ainda hoje, passados 14 meses do crime, apenas as comunidades ribeirinhas de Baixo Guandu, Colatina e Linhares e, no mar, apenas Regência, Povoação e Degredo – Pontal do Ipiranga apenas em parte – além das Terras Indígenas de Aracruz e Comboios foram reconhecidas como atingidas. O reconhecimento dá direito aos moradores se cadastrarem na Fundação Renova para receberem um cartão para pagamento de um auxílio subsistência emergencial e de participar do programa de indenizações.
Ambas os “benefícios” concedidos aos reconhecidos são alvo de muitas críticas e de um trabalho intenso do GIRD, que solicita, também ao CIF, que os reformule, possibilitando aumentar o número de cadastrados a receberem o auxílio e dar mais segurança e transparência ao programa de indenizações.
Eliane Balke, pescadora em Barra Seca e militante do MAB, conta que serão feitas mais algumas reuniões durante o mês de janeiro até que as ações comecem a ser colocadas em prática. “Estamos unidos. Vamos vencer”, afirmou.