“Estamos telefonando para cada pessoa e orientando”, relata Adriana Castro, da Pousada Vale das Quaresmeiras, em Dores do Rio Preto, uma das integrantes da Associação Circuito Caparaó Capixaba. “É uma questão de consciência individual, mas que a gente tem procurado reforçar”, alega a pousadeira.
Um número muito maior de pousadas, porém, está fora da Associação e não se tem um controle ou uma orientação mais próxima pra que essa atitude de prevenção seja tomada. E não se trata apenas de consciência individual, mas de senso de colaboração com a saúde pública.
O Caparaó recebe visitantes de várias partes do Estado e do País. Se uma pessoa não vacinada é picada pelo mosquito transmissor do vírus, mesmo que ele não desenvolva a doença, passa a ser um hospedeiro e pode levar o problema para sua cidade de origem, quando retornar.
Dos cerca de 5.7 mil municípios brasileiros, mais de 3.5 mil já têm uma orientação de vacinação para os visitantes, a maioria na Amazônia, onde, em boa parte deles, a exigência do cartão de vacinação é bastante rigorosa.
Esse rigor, no entanto, ainda não está sendo implementado no Espírito Santo. Nem na distribuição da vacina – apesar da orientação ser exclusivamente para quem for viajar para áreas de risco, qualquer um que vai para as filas dos postos de saúde e não esteja imunizado, consegue sua dose – nem no controle de chegada às áreas de risco.
Escolas
Reunidas durante a tarde dessa última quarta-feira (2) com a diretoria do Parque Nacional do Caparaó, as cinco prefeituras do entorno direto do Parna discutiram formas de alinhar os protocolos de informações sobre os casos de macacos mortos e de pessoas com suspeitas de febre amarela na região. O monitoramento dos casos, humanos e silvestres, é fundamental para um melhor controle da expansão da doença.
A médio e longo prazo, uma das estratégias de educação ambiental será levar o tema da febre amarela para as escolas, fazendo com que as crianças ajudem na conscientização das famílias.
Na reunião também foi confirmada a morte de um macaco barbado dentro dos limites do Parque, o que aumenta a preocupação com a população do primata, já bastante reduzida.
Termo de conhecimento de risco
A direção do Parna Caparaó, por orientação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/Ministério do Meio Ambiente (ICMBio/MMA), está “orientando fortemente” os turistas para que tomem a vacina com dez dias de antecedência à visita. Caso a pessoa insista em entrar sem a imunização, deve preencher um termo de risco na portaria da unidade de conservação. Mas essa orientação pode mudar nos próximos dias, pois o ICMBio está estudando a possibilidade de exigir a vacinação.
Enquanto isso, outros parques naturais, capixabas e mineiros, já fecharam suas portas à visitação, mesmo estando em áreas onde o surto está menos concentrado. No Espírito Santo, os parques da Pedra Azul, em Domingos Martins, Forno Grande e Mata das Flores, em Castelo, e Cachoeira da Fumaça, em Alegre, já tomaram essa medida mais drástica e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) estuda a possibilidade de fechar outros parques, inclusive dois de grande visitação turística, Itaúnas, em Conceição da Barra, e Paulo César Vinha, em Guarapari.
Recorde de produção de vacinas
A partir de janeiro, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), maior produtora mundial de vacinas contra a febre amarela – são apenas quatro no mundo –, dobrou sua produção mensal, de 4,5 milhões, para 9 milhões, havendo ainda a possibilidade de interromper a produção da tríplice viral para concentrar recursos na febre amarela.
A Fundação produz a partir da demanda do Ministério da Saúde que, por sua vez, segundo informou a assessoria de comunicação, é demandado pelas secretarias estaduais de saúde. A Secretaria de Saúde do Espírito Santo já solicitou dois milhões de doses ao MS desde que o surto teve início do estado. Mais 500 mil foram solicitadas e chegarão este mês, para utilização em 60 municípios.