Apesar do entusiasmo manifestado pela equipe, os gestores e tomadores de decisão, convidados, não compareceram, a saber: o prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS) e seus secretários de Meio Ambiente e Gestão Estratégica, Luiz Emanoel e Fabrício Gandini, respectivamente.
A proposta é utilizar equipamentos mais compactos, que medem os mesmos poluentes da rede convencional, e que geram e disponibilizam os dados para a população em tempo real, através de um aplicativo para telefones. E ao invés dos atuais oito pontos, poderiam ser instalados 80 pontos de monitoramento, daí o nome da Rede, “de alta densidade”.
As informações, além de visualizadas em tempo real, também seriam interpoladas, ou seja, semelhante ao que acesso no Waze, de trânsito, em que os pontos monitorados formam um diagrama global, indicando, por diferentes cores, os pontos mais ou menos congestionados ou, no caso da Rede de Alta Densidade, os pontos com maior ou menor concentração de poluentes ao longo do dia.
Os equipamentos também podem ser deslocados com muita facilidade, tornando a rede móvel não estática. “Um ciclista ou um pedestre pode carregar o equipamento e ir coletando dados, em tempo real, ao longo do trajeto”, exemplifica Israel Pestana Soares, mestre e doutorando em Saneamento Ambiental e especialista em Engenharia Ambiental da empresa Aires, detentora da tecnologia.
Mais por menos
A diferença é brutal, pois hoje, o cidadão que quiser acessar os dados sobre a qualidade do ar na Grande Vitória precisa entrar no site do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que atualiza os números das únicas oito estações de monitoramento apenas uma vez por dia, por vota das 14h, impedindo que os horários mais críticos, que são início da noite e início da manhã, possam ser visualizados pela população.
Apesar da maior cobertura e da maior democratização da informação, Israel argumenta que os custos e a complexidade são menores, tanto para implantação quanto para operação e manutenção. “Estamos trazendo essa tecnologia para o Estado com objetivo de fornecer informações para a população, pesquisadores, gestores públicos e população. A população tem o direito de saber como está a qualidade do ar que respira”, afirma Israel, que participa do Núcleo de Estudos da Qualidade do Ar (NQualiAr), o mesmo que criou o aplicativo para informar, em tempo real à população, os dados gerados pela rede atual, mas que ainda não está funcionando devido à negativa do Iema em disponibilizar os dados brutos para os pesquisadores.
Decreto ainda não regulamentado
Apesar do entusiasmo dos técnicos da Semmam presentes, o presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi Junior, repudiou a ausência dos gestores, o que só ratifica o desinteresse dos tomadores de decisão da Prefeitura em atuar efetivamente contra o problema. Outro exemplo é a não regulamentação da Lei 8.803, que criou os padrões atuais de qualidade do ar no município.
“Não foi regulamentada e muito menos foram tomadas ações por parte dos senhores secretários de Meio Ambiente para operacionalização da mesma e responsabilização das empresas proprietárias das fontes poluidoras”, denuncia o ambientalista, que já protocolou a reclamação na Secretaria Municipal de Administração.