O animal havia sido recolhido pelo Centro de Vigilância Ambiental em Saúde de Vitória no dia 16 de janeiro e levado para o laboratório da Sesa, de onde foi enviado para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, para a realização dos exames.
As autoridades não associam o caso do macaco a uma possível febre amarela urbana (transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite dengue, zika e chikungunya), afirmando tratar-se, ainda, do ciclo silvestre da doença (transmitido pela espécie Haemagogus). A vacinação, portanto, tem caráter cautelar.
Da Amazônia para a Mata Atlântica
Em matéria publicada na última quarta-feira (22) na Folha de São Paulo, o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Maurício Nogueira, diz que será muito difícil impedir a expansão da febre amarela sobre a Mata Atlântica, bioma do qual o Espírito Santo faz parte. “O vírus com certeza vai dominar toda a Mata Atlântica”, afirmou.
Na Revista Pesquisa Fapesp, edição de fevereiro, o virologista Renato Pereira de Souza e sua equipe do Instituto Adolfo Lutz (IAL) divulgaram resultados de pesquisas que confirmam ser amazônica a origem do vírus que afeta o Sudeste atualmente, e não da África ou outras regiões das Américas Central e do Sul.
Os pesquisadores também disseram temer a chegada do vírus no Aedes Aegypti, tornando-a uma doença urbana, numa área tão densamente povoada como o Sudeste. “Não estamos preparados para isso”, comentou Souza
Mais 1 milhão de doses
O anúncio da chegada de mais um milhão de doses da vacina foi feito nesta quinta-feira (23), quando o secretário estadual, Ricardo de Oliveira, estava em Brasília fazendo a solicitação ao Ministério da Saúde. Ao final, terão sido distribuídas 3,65 miilhões de doses em todo o Estado.
Segundo ainda o site da Sesa, os municípios de Cariacica, Serra, Vitória e Vila Velha farão mutirão de vacinação aos sábados, a partir do dia quatro de março. Os mutirões contarão com a parceria de militares do Corpo de Bombeiros, mas são os próprios municípios que vão organizar os locais de vacinação.
Dados
Este ano, até o dia 22 de fevereiro, a Sesa recebeu 189 notificações de suspeita de febre amarela. Dessas, 19 foram descartadas. Do total de 170 casos, 46 foram confirmados para febre amarela silvestre, sendo que 14 casos evoluíram para óbito – Ibatiba (3), Colatina (2), Itarana (2), Irupi (2), Laranja da Terra (1), Pancas (1), Muniz Freire (1), Afonso Cláudio (1) e São Roque do Canaã (1) – e 32 pacientes receberam alta hospitalar.
Os 46 casos confirmados são de moradores de Ibatiba (14), Colatina (5), Itarana (3), Baixo Guandu (3), Brejetuba (2), Itaguaçu (2), Conceição do Castelo (2), Pancas (2), Laranja da Terra (3), São Roque do Canaã (2), Afonso Cláudio (3), Irupi (2), Muniz Freire (1), Ibitirama (1) e Castelo (1). Com isso, há 124 casos em investigação com quadro indicativo também de leptospirose, febre maculosa, dengue e outras doenças com sintomas semelhantes.