“Nós já imaginávamos que eles voltariam, até dissemos isso na notícia-crime que protocolamos no Ministério Público Estadual”, informa Wilerman da Silva, membro do Fórum de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental da Grande Vale Encantado (Fórum Desea).
Wilerman conta que estava na companhia de outros três ativistas – membros do Desea, do Fórum Popular em Defesa de Vila Velha e do Instituto Ecomaris – fazendo uma ronda de rotina na região, em busca de novas espécies de fauna e flora e também em ação voluntária de fiscalização ambiental, quando ouviu o barulho da queimada.
“Corremos para começar a apagar o fogo e tentar flagrar quem estava cometendo o crime”, relata. Apenas uma pessoa foi vista deixando o local, mas não possível identifica-la. Com poucos equipamentos, o grupo conseguiu apenas proteger a vegetação que estava contra o vento, incluindo bromélias, mas a área a favor do vento foi toda queimada. O Corpo de Bombeiros foi acionada três vezes, mas não compareceu.
As entidades já haviam feito uma notícia-crime no Ministério Público Estadual (MPES) após a devastação no início de fevereiro e pretende anexar esse novo ataque ao documento, além de denunciar também à Polícia Ambiental.
O Morro do Carcará sofre há anos com seguidas devastações. Wilerman conta que já foram duas grandes e uma menor, todas denunciadas ao MPES e à Prefeitura de Vila Velha. Há intenso interesse industrial na área, por estar em região retroportuária, ao lado das Rodovias Lindemberg e Darly Santos e da futura Rodovia Leste-Oeste, que vai integrar o município às Rodovias BR-262 e 101. “A gente entende que usam subterfúgios pra descaracterizar a região como área de preservação, pois matas em estágio inicial podem ser cortadas”, analisa Wilerman.
A Lagoa Encantada é uma área natural de Vila Velha, com grande beleza cênica e biodiversidade, incluindo várias espécies ameaçadas de extinção, entre elas o Ipê felpudo, considerada Vulnerável em nível nacional. São cerca de três milhões de metros quadrados, que estão sendo destinados à criação de uma unidade de conservação, segundo discussões e encaminhamentos produzidos no processo de atualização do Plano Diretor Municipal (PDM).