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Kika Carvalho é a convidada do encontro Desmontagem deste sábado

São poucas pessoas que sabem que artes, como essa acima, são intervenções realizadas pela artista Kika Carvalho – conhecida pelo trabalho de grafite no Estado cheio de cor e figuras femininas. Contudo, desde 2013 Kika realiza um trabalho em xilogravura, amparado no preto e branco, e que começou colocando em discussão o feminicídio. O trabalho foi intitulado Prazer, eu sou o Espírito Santo.
 
Foi com o tempo que a artista ampliou essa discussão para outras formas de violência, como o racismo. Tudo é feito a partir de apropriação e ressiginificação de símbolos – como quando estampa duas garrafas sobre de uma página de jornal (ao lado).
 
A busca pelo aprofundamento do trabalho e das questões abordadas por ela acabou por fazer deste o seu atual projeto de conclusão de curso em artes visuais, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). E é sobre isso que a próxima edição do projeto Desmontagem vai promover encontro no sábado (25), na sede do Raiz Forte, que fica no Centro de Vitória. A participação custa R$ 10 e a verba ajuda a manter o local em atividade.
 
“Esse aprofundamento do trabalho acontece há algum tempo e é contínuo, mesmo que poucas pessoas saibam que sou eu que o realizo. Dai recebi o convite da Charlene Bicalho, do Raiz Forte, e achei que seria uma boa oportunidade de falar sobre ele, compartilhar com outras pessoas essas inquietações que me movem. Aceitei o convite muito pelo Raiz Forte ter essa preocupação de atender um público negro – não que quem vá participar da Desmontagem sejam só pessoas negras, inclusive estou contando que isso não aconteça, porque é importante que as pessoas não-negras também discutam sobre essas questões. Mas é isso, minha participação vai muito pela vontade de problematizar esses fatores e criar uma vivência bacana para que as pessoas produzam enquanto pensam sobre as questões”, detalha Kika.
 
A Desmontagem vai contar com dois momentos: imersão e produção. No primeiro deles Kika apresenta alguns dos trabalhos em xilogravura do projeto e realiza discussão com os participantes. Já no segundo momento as pessoas seguem para realizar intervenções na rua. A indicação é para que maiores de 15 anos participem do encontro.
 
Apesar da insegurança com o projeto, para Kika, encontros como esse são importantes pelo retorno que recebe das pessoas em relação ao trabalho realizado, até porque, como dito, este projeto não é amplamente conhecido como um feito especificamente dela, o que acaba por não trazer tanto feedback como os outros trabalhos que desenvolve no grafite.
 
“Quando você cria textos visuais existe muito isso de fazer o trabalho pensando numa certa discussão. Então quando chega uma pessoa com outras vivências e referências e lê esse trabalho de forma diferente, é muito bom para o diálogo. A partir do momento em que as pessoas dialogam sobre o que elas enxergam, a gama de possibilidades do trabalho cresce muito e as coisas se fortalecem. Enxergo esses espaços sempre como um lugar em potencial para desenvolver meu trabalho, rever pontos, crescer enquanto artista e enquanto pessoa”, acrescenta.   

Serviço

O encontro Desmontagem tem realização no próximo sábado (25), a partir das 15h, na sede do Raíz Forte – Escadaria do Rosário, Centro de Vitória. A participação custa R$10,00.

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