Segundo o presidente da Associação Comunitária de Barra do Riacho (ACBR), Israel Azeredo de Oliveira, a tarifa de esgoto é cobrada há mais de dez anos pelo SAAE, porém, a autarquia municipal realiza apenas a coleta do esgoto e, através de tubulação, lança o material sem qualquer tratamento no corpo d´água. “Ninguém aqui reclama de pagar a taxa, mas o problema é que estamos pagando para poluir!”, reclama.
O esgoto in natura lançado irresponsavelmente pela municipalidade, associado à escassez hídrica – provocada pela irresponsabilidade histórica dos governos estaduais e municipais na (des)proteção das florestas – é agravada pela irresponsabilidade da Aracruz Celulose (Fibria) em desrespeitar o compromisso firmado com o órgão ambiental estadual, de manter ao menos duas comportas abertas. Com as comportas fechadas, a cerca de quatro quilômetros da foz, o rio perde muito de sua vazão, ficando mais assoreado e, por muitas vezes, não consegue desaguar no mar, formando imensos “pinicões”.
“Imagina uma população de dez mil pessoas defecando nesse rio, depois de sete dias ou mais, o que acontece!”, indigna-se Herval Nogueira, morador de Barra do Riacho e ativista da Rede Alerta Contra o Deserta Verde.
“É um grito de socorro da comunidade. Não estamos mais aguentando”, suplica Isarel. “Queremos nossos peixes de volta, a carapeba, o robalo, a piaba, e também o caranguejo, o siri”, roga o líder comunitário.
O abaixo-assinado exigindo a ETE de Barra do Riacho será entregue na Câmara de Vereadores, na Prefeitura Municipal e no Ministério Público Estadual (MPES).
Outro problema ambiental que aguarda solução imediata é o cheiro de enxofre emitido por um aterro sanitário desativado, próximo à comunidade. Vendido pela Aracruz Celulose (Fibria) à empresa Ambitec, o local já foi alvo de uma vistoria do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que, segundo Israel, prometeu retornar para notificar a empresa e fazer coleta de solo, para análise. Mas nada disso aconteceu e os moradores são obrigados a conviver com o mau cheiro, que já dura três meses. “Acreditamos que há um bolsão de gás no subsolo, que pode estar contaminando o lençol freático”, conta Israel.