Mente e corpo formam um só sistema, mas alguns órgãos recebem mais destaque, porque “aparecem” mais. Podemos prevenir muitos males da vida moderna apenas prestando mais atenção naquilo que escolhemos para ingerir e comemos, ou seja, na nossa dieta. Como o nosso foco hoje é o coração, no final vou dar dicas poderosas de como cuidar bem do coração e os melhores alimentos para isso.
O alimento nos dá energia para o nosso corpo funcionar bem, com todas as funções dos órgãos plenamente desenvolvidas. Alimentos de alto valor nutricional fortalecem as nossas células, aquelas que vão se juntar para formar os tecidos, que, por sua vez, formam os órgãos e estes, de funcionamento independente, mas interligados por sistemas interdependentes vão formar o organismo, ou o nosso corpo.
E que tal pensar naquele órgão que, não sem razão, é o símbolo das nossas piores e melhores emoções? Sim, o coração representa isso, embora o centro de nossas emoções seja o cérebro. Mas quem é que está pensando no cérebro, a não ser ele mesmo? É o coração a válvula de escape das emoções produzidas pelo cérebro. Toda aquela agitação que sentimos no coração é fruto da adrenalina liberada pelo cérebro ao produzir as emoções.
Ao final desse artigo, vou mostrar para vocês que existe um alimento, amicíssimo do coração, que é fundamental também para o cérebro, o que nos leva a pensar que cérebro e coração estão sempre trabalhando juntos e podem ser, juntamente, bem nutridos.
A saúde do coração é uma preocupação global porque as doenças cardíacas são a causa número um de mortes dos norte-americano hoje. E bem sabemos que, principalmente, os maus hábitos de nossos irmãos da América do Norte acabam influenciando usos e costumes no mundo inteiro.
No mundo todo, as doenças cardíacas matam, aproximadamente, 17 milhões de pessoas por ano. Isso significa quase que uma de cada três mortes que ocorrem em todo o mundo.
O mapa das doenças e ataques cardíacos (organizado pela Organização Mundial de Saúde) estima que, em 2020, doenças e ataques cardíacos serão as principais causas de morte e invalidez no mundo. Que trágico, não?! O que acho mais curioso é que, mesmo sabendo disso, a humanidade continua mantendo os hábitos que a levaram a esse prognóstico tão sombrio.
A projeção é que as fatalidades aumentarão mais de 20 milhões por ano.
E sabem qual é o maior fator de risco de doenças cardíacas? A obesidade. Portanto, somente a saúde do seu coração já seria razão suficiente para perder qualquer peso extra que você vem carregando.
Estima-se que haja, aproximadamente, 100 mil artérias, veias e capilares em nosso corpo. São os canais de irrigação que permitem que o sangue alimente todas as células e os órgãos de seu corpo. Mas, quando eles estão bloqueados, isso pode resultar em um ataque do coração ou derrame.
Um dos graves problemas, geralmente, associados ao excesso de peso é a arterosclerose, uma doença que leva à obstrução das artérias pelo acúmulo de gorduras (principalmente colesterol) em suas paredes, formando placas.
As artérias afetadas pela aterosclerose perdem elasticidade e, à medida que essas placas de gordura crescem, as artérias estreitam-se. Assim, o fluxo de sangue para os órgãos e outras partes do nosso corpo é reduzido, podendo causar danos a órgãos importantes ou até mesmo levar à morte.
Existem alguns fatores de risco para a aterosclerose, tais como diabetes, sobrepeso, consumo excessivo de alimentos gordurosos (contêm sobretudo colesterol), pressão arterial elevada, tabagismo e, por fim, a hereditariedade. Você sabia que essas são todas doenças, na maioria das vezes, de causas evitáveis?
Pesquisas de várias universidades do Brasil e do mundo apontam que somente um terço de doenças como diabete e pressão arterial são por “defeito de fabricação”, ou seja, causa genética. Mesmo assim, se você tem histórico na família, então é que é necessário se cuidar ainda mais. Não se empolgue se você é um daqueles que “comem de tudo, não engordam e não alteram as taxas”. Um dia a casa cai e quando cai, desaba de vez, sem dar sinal.
Para a saúde do coração, algumas dicas são importantes:
– Mantenha seu corpo em movimento. Estudos mostram que atividades físicas podem fortalecer o coração. Tente diferentes tipos de exercício, encontre aqueles que você realmente gosta, e torne-os parte regular de sua vida. Subir escadas é um deles. É ótimo para seu amigo do peito.
– Esqueça as comidas rápidas muito gordurosas e calóricas. Descarte os alimentos menos saudáveis. Crie uma dieta saudável para o coração. A forma que você se alimenta é importante também. Então, não pule refeições, coma de três em três horas, em pequenas porções, e tente não comer nada poucas horas antes de dormir.
– Descansar, recarregar e rejuvenescer. A privação de sono foi associada, em pesquisas sérias feitas por universidades renomadas, a um aumento no risco de problemas cardíacos. Pense dessa forma: das 24 horas do dia, separe 8 horas de cada dia de sua vida para a atividade mais produtiva que você pode ter para sua saúde, ou seja, dormir.
Agora, quando você estiver acordado, estará movimentando-se e alimentando-se. Se ligue nos alimentos amigos do coração:
– Proteína saudável. Como já dissemos, a proteína é o alimento número 1 de nosso corpo e, como tal, precisa ser bem escolhido. As melhores fontes de proteína saudável são a carne magra (prefira a carne branca e limite o consumo de carne vermelha a uma a duas vezes por semana) e leguminosas (feijão, soja, lentilha, grão de bico).
– Ácido graxo, como Ômega 3. Essa é aquela gordura amiga do coração, porque auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídios, exerce função anti-inflamatória, evita a formação de placas nas artérias (tanto é que é chamado o encanador das artérias) e auxilia na promoção da saúde muscular e das articulações. Quer saber? Este é também o principal alimento do cérebro. Os neurônios, que enviam as mensagens para o corpo, são envoltos em uma membrana formada por esse tipo de nutriente, o Ômega 3.
E onde encontrar esse abestado? As melhores fontes são o salmão (não aquele criado em cativeiros, com ração, mas o bicho solto, que se alimenta de plânctons e algas do fundo do mar de águas frias), bacalhau, arenque, anchovas, sardinhas frescas, lagosta, camarão, nozes e alguns óleos vegetais.
Como nossa alimentação é, geralmente, rica em Ômega 6, entidades de alta credibilidade como American Heart Association (AHA), American College of Cardiology (ACC) e Sociedade Brasileira de Cardiologia recomendam a ingestão diária de Ômega 3. Como nem sempre você tem acesso a fontes seguras desse nutriente, este é o típico caso em que a suplementação é sempre bem-vinda, com boa orientação e produtos de qualidade. Senão, vai gastar seu dinheiro à toa.
– Água, frutas e vegetais em abundância. Isso também é essencial para a saúde do coração, porque auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos e na promoção da saúde das articulações, além de permitirem um bom funcionamento de nosso segundo cérebro, o intestino.
Então, gostaram? Visitem as colunas anteriores, estejam conosco nas próximas semanas. Tenho muitas informações utilíssimas para que você possa adotar um estilo de vida ativo e saudável, junto com sua família.
Lídia Caldas é nutricionista pela Faculdade Católica de Vitória, especialista em Nutrição Esportiva pela Universidade Gama Filho (RJ) e gestora de Unidade de Alimentação e Nutrição. Fale com a nutri: [email protected]