“Já ligamos várias vezes, vemos o carro dos Bombeiros passando pela região, mas ninguém foi ainda ao local do incêndio. Um bombeiro chegou a dizer que eles só podem ir lá depois que um cacique for em
Aracruz autorizar a entrada dos bombeiros nas aldeias”, relata Mayno Cunha da Silva, educador indígena em Três Palmeiras.
Foram os moradores de Três Palmeiras e Boa Esperança os primeiros a perceberem a fumaça, há dois dias. Nesta sexta-feira, ela já é avistada por toda a Terra Indígena e para além dela, nos bairros de Santa Cruz e Balsa.
“A fuligem já está entrando em nossas casas e causando problemas respiratórios, principalmente nas crianças”, alerta o educador, lamentando ainda a notícia de que cinco estudantes de Três Palmeiras faltaram as aulas desta sexta-feira para tentar apagar o fogo, voluntariamente. “É perigoso pra eles, foram movidos pelo desespero. Nosso usufruto a gente tira da mata”, ressalta.
Vilson Benedito, o Jaguareté, chefe da coordenação técnica local da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Aracruz e liderança indígena em Caieiras Velha, conta que lhe chegaram denúncias de que caçadores costumam atear foto perto dos brejos para encurralar capivaras e pacas. “Pode ter sido essa a causa do incêndio”, avalia. Técnicos da Funai estão indo a campo checar as informações.