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Fundação Palmares se nega a reconhecer comunidade quilombola em Conceição da Barra

Ou ser reconhecida como um assentamento rural ou ser “adotada” por uma comunidade quilombola já reconhecida. Essas foram as duas opções apresentadas pela Fundação Palmares em visita à comunidade do Córrego da Angélica, em Conceição da Barra, norte do Estado.

A reunião aconteceu na tarde da última sexta-feira (5) e deixou desoladas as lideranças locais. “Nos sentimos excluídos”, desabafa a presidenta da Associação Quilombola de Pequenos Produtores Rurais do Córrego da Angélica (AQPCA), Jurema da Conceição Gonçalves.

Órgão federal responsável pela certificação das comunidades quilombolas no País, a Fundação Palmares, no entanto, se negou a reconhecer o Córrego da Angélica, sugerindo que ela seja incorporada à comunidade do Córrego do Alexandre, já certificada, e composta basicamente por membros de uma mesma família.

Processo semelhante aconteceu com a comunidade do Córrego do Felipe, que foi anexda ao Angelim 2. Os três representantes da localidade, porém, presentes na reunião, disseram que ainda não poderiam emitir qualquer posicionamento e solicitaram que a AQPCA faça a solicitação formalmente, para avaliação.

“Foi como se nós tivéssemos voltado no tempo, no tempo da escravidão. Nós nos sentimos excluídos de uma tal maneira…foi muito triste”, lamenta Jurema.

Segunda a presidente, a justificativa para a negativa da certificação, pela Fundação Palmares, foi o argumento de que os requerentes são oriundos de vários quilombos – Linharinho, Morro da Onça, do Quadrado – e que não têm uma referência de 100 anos. “Nós temos, até mais! Só que não temos aqui, porque viemos pro Córrego da Angélica e fizemos nossa retomada, depois de muito tempo morando fora de nossos quilombos. Nós conhecemos esse córrego, de tomar banho, de passagem, temos uma história aqui”, explica a líder quilombola.

Jurema também criticou a posição dos representantes das Comissões Quilombolas Estadual e Nacional, que apoiaram a posição da Fundação Palmares. “Essa opção de assentamento rural, todos os quilombolas acham humilhante. Nós somos quilombolas. Nós queremos continuar a levar a nossa história, porque não é de agora”, reclama.

A AQPCA vai enviar uma carta à Presidência da Fundação Palmares e a outros órgãos responsáveis, dando ciência do que está acontecendo no Córrego da Angélica e pedindo providências. 

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