Voltou a crescer a expectativa em torno de uma iminente saída do governador Paulo Hartung do PMDB e suposto ingresso no PSDB com vistas à disputa eleitoral do próximo ano. Caso o governador supere as dificuldades internas no ninho tucano e consiga concluir sua migração, ele não deve ficar sozinho no desembarque. Nacionalmente, a situação dos peemedebistas é também de espera pela janela partidária, que abre em março de 2018, para deixarem o partido.
Estima-se que dos 64 deputados federais do partido, 20 estejam procurando acomodação em outras siglas. Os partidos mais visados são o PSB e o PDT, buscando uma posição mais à esquerda para tentar se livrar do desgaste com o pacote trabalhista que está sendo votado no Congresso Nacional. Há uma parte dos parlamentares de saída, que também vão buscar o centro-direita com o PSD, de Gilberto Kassab.
No Estado, até se cogitou a movimentação do governador para o PSD, sobretudo com o fortalecimento do secretário-chefe da Casa Civil, José Carlos da Fonseca Júnior, e a nomeação do ex-prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga, na equipe de governo.
Além de Hartung, o PMDB tem outros seis governadores no País.Mas a movimentação de Hartung vai além de evitar o desgaste com as ações do presidente Michel Temer.
A ida de Hartung para o PSDB tem uma estratégia política para tentar controlar duas lideranças do partido, uma pensando na governabilidade e outra na eleição. Hartung no PSDB poderia pressionar o deputado Sérgio Majeski, na Assembleia, seu principal opositor no Legislativo. Do ponto de vista eleitoral, ele passaria a ter a prioridade de disputar e pode movimentar o senador Ricardo Ferraço.
O parlamentar, mesmo diante do desgaste com a inclusão de seu nome na lista de investigados pelo ministro-relator da Lava Jato, no Supremo, Edson Fachin, está confiante em sua absolvição e convicto na disputa à reeleição em 2018, o que atrapalha os planos de Hartung, que depois de ver por terra seu plano de ampliação da imagem nacionalmente, pode ter de disputar o Senado, mas para isso precisaria tirar Ricardo Ferraço do caminho.
Com o objetivo de conter a debandada, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), já deu início a uma manobra, ingressando no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com uma consulta para o fechamento da janela migratória. O senador quer que a possibilidade da troca partidária ser considerada “fraude” quando se trata de “explícita finalidade eleitoral”.