Imagina entrar numa lagoa e pescar tainha, carapeba, robalo, espécies marinhas, que substituíram as tradicionais tucunaré, traíra e tilápia, de água doce? Essa é a realidade dos pescadores da Lagoa Juara há cerca de um ano, quando a salinidade no local atingiu níveis inimagináveis, provocando sucessivas mortandades.
Sucessivas também têm sido as análises feitas pela Prefeitura da Serra, porém, com pouca divulgação e nenhum levantamento de solução possível para o problema. Mais uma tentativa será feita na próxima terça-feira (06), por meio de nova audiência na Câmara, convocada pelo vereador Fábio Duarte (PDT), às 18h00.
Serão apresentados os resultados das análises feitas por duas professoras do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a partir de coletas realizadas no último sábado (3), e palestra do consultor A. D. Teophilus, engenheiro mecatrônico com especialista em gestão ambiental
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o Ministério Público Estadual, a Associação de Pescadores da Lagoa Juara, lideranças pesqueiras do entorno da lagoa e ambientalistas também participarão, mas o gabinete do vereador lamenta que, até o momento, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), nem a empresa Serra Ambiental, contratada para atuar na Parceria Público Privada no município, confirmaram presença.
O pescador Antonio Pereira dos Santos, presidente da Associação de Moradores do Bairro Lagoa e ativista ambiental na região, acredita que parte da solução seja a construção de uma barragem “para controlar o fluxo da lagoa, de descida e também de retorno da água do mar”. O pescador foi uma das lideranças que acompanhou a visita dos técnicos no último sábado, para coleta de água e ouviu boas perspectivas. “Eles dizem que tem solução”, conta o pescador.
Na audiência, espera receber da municipalidade também mais apoio para os pescadores do entorno da lagoa, cerca de 200 famílias, um grupo maior do que os do projeto de tanque-rede com tilápia, que envolve cerca de 50 associados. “A prefeitura deu estrutura, deu cobertura para tirar os peixes. Foram 5,5 toneladas. Mas os peixes nativos que morreram foram umas 12 toneladas, que ficaram na lagoa apodrecendo e ninguém veio recolher”, reclama Santos.
“Conheci essa lagoa com nove anos[de idade], nadava, bebia água dela. Olhar ela hoje assim dá muita tristeza”, lamenta o pescador.