As condições de trabalho no banco pioraram depois que a instituição implantou, em novembro de 2016, um novo programa de reestruturação que fechou agências físicas, reduziu postos de trabalho e descomissionou empregados em massa. A consequência direta foi a superlotação das agências e a sobrecarga dos funcionários.
O Sindicato dos Bancários do Estado (Sindibancários-ES) está tentando agendar uma reunião com a Superintendência Estadual do Banco do Brasil para discutir os problemas e a condução das mudanças organizativas previstas no projeto de reestruturação.
Em Vitória, foram fechadas a agência Rio Branco, na Praia do Canto e a Moscoso, no Parque Moscoso. Os clientes dessas unidades foram transferidos sem consulta prévia para as agências mais próximas ou para agências digitais. Como resultado, as unidades que absorveram esses clientes dobraram o número de atendimentos, sem aumentar o número de empregados. Ao contrário, o quadro funcional reduziu com o lançamento do Plano de Aposentadoria Voluntária que já desligou mais de 100 empregados no Estado. Até o final e 2018, a meta é demitir até 18 mil funcionários em todo o País.
As mudanças também foram sentidas pelos clientes. O banco, que em setembro do ano passado ocupava o 5º lugar na lista de reclamações do Banco Central, passou a ocupar o 1º lugar no primeiro trimestre de 2017.
“Por mais que os bancários se esforcem para atender bem a população, é impossível dar conta de toda a demanda de trabalho sem o contingente de trabalhadores necessários”, explica Thiago Duda, diretor do sindicato.
Descomissionamentos
Uma das principais críticas é que todas as mudanças foram feitas sem diálogo com os bancários. Mesmo com a cobrança dos dirigentes sindicais, não houve orientação da direção do banco sobre os novos procedimentos e sobre a reorganização dos cargos e tarefas.
Agências digitais
A proposta de reestruturação é parte da estratégia do banco em ampliar o modelo de atendimento virtual, por meio de agências 100% digitais. O Espírito Santo é um dos estados piloto para implementação desse modelo. As primeiras agências a serem fechadas como parte da estratégia digital do foram Vale e Praia do Suá.
No sistema financeiro, o investimento em tecnologia da informação tem sido uma das principais ferramentas para redução de custos com pessoal, por meio direto do corte de empregados. A medida vem acompanhada do aumento da exploração e das metas, já que um número muito inferior de trabalhadores precisa assumir todas as demandas antes distribuídas nas agências físicas.
E os clientes não tiveram sequer a oportunidade de optar por fazer a migração para a agência digital ou continuar com sua conta numa agência física. A migração foi apenas comunicada.
Desmonte
O processo de reestruturação do Banco do Brasil vem sento tratado pelo movimento sindical como uma estratégia de desmonte do banco, a fim de reduzir o seu papel público e voltar a sua atuação para a área comercial. Para o diretor do Sindibancários, Dérik Bezerra, a reestruturação do Banco do Brasil está alinhada com o aprofundamento das políticas neoliberais no Brasil.
“A reestruturação dos bancos públicos não acontece por acaso. Está vinculada à lei da terceirização e à reforma trabalhista. A estratégia é sucatear o banco, precarizar o que for possível pra depois dizer que não serve, que o serviço público é ineficiente, justificando uma possível privatização total do banco. É mesma coisa que estão fazendo com os Correios e com a Petrobras. Nossa resistência tem que partir de dentro para fora. Não estamos pedindo muito, queremos respeito com os bancários e clientes, e condições dignas de trabalho”, disse o diretor.