O caso da técnica de laboratório Cláudia da Silva mostra como a decisão do prefeito Edson Magalhães (PSD) de beneficiar o Rodoshopping atinge em cheio o bolso do morador de Guarapari. Cláudia mora em Santa Mônica em trabalha em Vitória. Para entrar às 7h no serviço, pega o ônibus intermunicipal que passa às 5h15 em um ponto perto de sua casa.
Com a obrigação de embarcar e desembarcar na nova rodoviária, terá que pagar R$ 2,80 do ônibus convencional chegar e deixar o local. No fim do mês, a conta destes tempos de crise econômica pode significar um desembolso a mais de R$ 28 por semana. Cláudia utiliza a linha Ipiranga/Dom Bosco há 10 anos e desde o ano passado, quando a controversa medida foi publicada pela primeira vez, se depara com esse problema.
Ele sugere que muito mais gente vai enfrentar o mesmo problema. “O ônibus nesse horário já vem lotado. Tem muita gente também que vai para o médico”. O risco de chegar atrasada ao trabalho é outra preocupação que aflige a moradora.
Moradores se reuniram nessa quinta-feira (8) para discutir o assunto. Como surgiram muitas ideias, decidiram realizar uma assembleia neste sábado (10), na praça da Itapemirim, em Muquiçaba, para definir as melhores propostas para reagir à medida.
Durante a reunião ficou claro que o fantasma do desemprego já assombra trabalhadores. Um homem que trabalha em Vila Velha deu m depoimento emocionado.
O morador de Guarapari relatou que a empresa em que trabalha subsidia sua passagem em R$ 450 mensais. Mas, como o decreto vai significar uma passagem a mais, para o traslado até o Rodoshopping, a empresa ameaçou suspender o subsídio com um recado pouco sutil: aquele valor poderia estar custeando o transporte de três funcionários que moram na Grande Vitória.
Os moradores também estão indignados com o primeiro artigo do decreto, finalmente publicado nessa quinta-feira. Este determina que o transporte será executado com a utilização de vale-transporte, que será vendido apenas no Rodoshopping. A medida é vista como mais um benefício à concessionária Televive. O vale-transporte é uma obrigação mesmo para embarques em um dos oito pontos de ônibus fora da rodoviária, liberados pelo mesmo decreto.
Ou seja, se decreto do ex-prefeito Orly Gomes (DEM) já era ruim, o de Edson Magalhães é pior.