A reintegração de posse foi executada na manhã desta terça-feira (13), de forma pacífica, sem resistência dos acampados, porém, com muito pesar. “Foi a maior destruição, porque perdeu muita plantação e um monte de barracos, foi horrível”, conta Luana.
A produção agroecológica, a pleno vapor, abastecia as 70 famílias acampadas e também já estava sendo planejada para abastecimento da cidade de Aracruz, numa iniciativa pioneira no Espírito Santo. Já funcionando com êxito em São Paulo, o projeto previa um assentamento com lotes menores por família, mas com maior proximidade da cidade, que seria abastecida com alimentos saudáveis. “Mas a luta continua, é o nosso dia a dia”, afirma a liderança do MST.
A transformação positiva realizada pelos acampados na região, ainda no verão, com apenas algumas semanas de trabalho, chegou a sensibilizar o juiz que analisou o primeiro pedido de reintegração de posse, que negou a liminar e convocou uma audiência de conciliação. Diante da negativa de diálogo com a Prefeitura, no entanto, o processo foi retomado.
A reintegração, marcada a princípio para o próximo dia 26, foi antecipada em 13 dias, para que a área esteja desocupada no dia 20, data de uma vistoria do Ministério de Desenvolvimento, dando início ao processo de transformação da área em Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
As famílias do Guerreiros da Terra estão a caminho do Acampamento Lagoa do Limão, numa área próxima a Desengano, já em Linhares, onde 47 famílias reivindicam a reforma agrária para uma área em posse da Aracruz Celulose (Fibria). “Estamos na luta pra somar, multiplicar”, declara Luana.
Ao lado do deserto verde da multinacional, os trabalhadores erguem uma bela produção agroecológica, com abóbora, milho, aipim e outros itens. O que se espera é que, em algum momento, seja cumprida a determinação constitucional de dedicar terras devolutas e improdutivas para a Reforma Agrária, ao invés da cessão para grandes empresas multinacionais e grandes latifundiários, o que só faz aumentar a concentração de terras no país, o consumo de venenos agrícolas e a insegurança alimentar. “Infelizmente o governo não está cooperando com os trabalhadores rurais”, lamenta Luana.