O movimento de luta pela moradia que hoje ocupa com 156 famílias o prédio do antigo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), no Centro de Vitória, é apenas uma face do problema na Grande Vitória. O município da Serra registra pelo menos duas ocupações que, reunidas, desembocam no trágico número de pelo menos 1.400 famílias sem moradia própria.
Segundo a coordenadora do Movimento Nacional de Luta Pela Moradia (MNLM), Maria Clara da Silva, são mil famílias em uma ocupação na região de Central Carapina e outras 400 em uma ocupação na região de Nova Almeida. Assim como no IAPI, a pobreza é a principal causa da ocupação. O perfil médio dos ocupantes pode ser descrito como casal jovem, com filho pequeno, desempregado ou sobrevivendo de ocupações informais (“bicos”).
“Quando você pede para quem está desempregado levantar as mãos, é geral, quase todo mundo”, diz Maria Clara. A quantidade de idosos também é significativa.
Com a crise econômica, muitas enfrentam ameaças de despejo por falta de pagamento de aluguel. Maria Clara diz que ambas as ocupações absorvem famílias não apenas da Serra, mas também de cidades vizinhas como Vila Velha, Cariacica e Vitória. “Onde eles sabem que tem uma ocupação, eles correm para lá”, diz.
A ocupação de Central Carapina começou há cerca de um mês e reúne famílias em um terreno grande instaladas em barracos de lona. O processo de demarcação de lotes, praças e ruas já foi iniciado. O mesmo modelo de instalação com barracas de lona se repete em Nova Almeida, onde neste sábado (16) haverá uma assembleia para definir os rumos do movimento.
Segundo Maria Clara, já existem pedidos de reintegração de posse para ambos os terrenos na Justiça. Em relação ao IAPI, a Justiça Federal autorizou um pedido de reintegração em favor da União, proprietária do imóvel. Mas ainda não há data para a execução de nenhum dos pedidos.