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O meio ambiente começa dentro de nós (parte 4): alimentação

O ato de alimentar-se não é estritamente fisiológico; é um ato social, cultural, político, econômico, espiritual e ecológico. É partindo desse pressuposto que uma legião de nutricionistas, médicos nutrólogos e culinaristas, nos quatro cantos do mundo, têm reinventado os conceitos de boa alimentação, boa nutrição e boa saúde.

Uma das – felizmente, muitas – representantes capixabas dessa “nova tribo” é a jovem nutricionista Rafaela Brito Fardin, que usa a criatividade e o afeto para abrir portas e arejar os empoeirados espaços – excessivamente numérico, cientificistas e dissociados da questão ambiental – onde atuam os profissionais desse ramo do conhecimento. “Somos o microcosmo dentro do macrocosmo”, recita, parafraseando Carl Sagan.

Seja em escolas, hospitais ou em cursos autônomos, Rafaela enfatiza a conexão com o Todo e a interdependência entre a saúde do planeta e do ser humano para valorizar a busca por fornecedores orgânicos, agroecológicos e da agricultura familiar, e incentivar a dedicação de mais tempo e energia na cozinha, como forma de autocuidado, autoconhecimento, autocompaixão. “Saúde está diretamente relacionada com o autoconhecimento, o poder de interiorizar-se!”, revela.

Agricultura familiar

“É preciso colocar mais comidas frescas, sazonais à mesa, preferir os vegetais, alimentos locais e lembrar-se do poder da agricultura familiar sustentável”, ensina. “É preciso, também, pensar em diminuir o consumo de carne”, alerta Rafaela, destacando os benefícios à saúde e ao meio ambiente, já que a indústria da carne demanda um elevadíssimo consumo de água e de grãos é uma das principais responsáveis pelo aquecimento global, sendo a maior geradora, no Brasil, de gases de efeitos estufa. “É pensar alimento como Vida!”, resume.

Uma de suas bandeiras, compartilhada nas redes sociais, são os extratos vegetais. “Todos são uma excelente fonte de nutrição, ricos em vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos graxos e uma excelente alternativa para substituir o leite animal em todas as receitas e preparações!”, afirma, citando algumas das opções mais usuais em sua cozinha: inhame, gergelim, coco, castanhas (todas as oleaginosas), aveia e arroz.

Receita

Uma receita? Que tal uma pasta apimentada de lentilha? A lentilha, lembra Rafaela, é uma leguminosa rica em ferro, proteína, fibras e sais minerais. E o amendoim, original do Brasil, é uma fonte de niacina, ácidos graxos monoinsaturados, ômega 3 e ômega 6, fibras, magnésio, fósforo, ferro, cálcio, potássio e Vitamina E. Segue:

1 1/2 xícara de lentilha cozida ao dente (lembrar de deixar 24h de molho);

2/3 de xícara de amendoim em grânulos;

1/2 cebola pequena (crua ou refogada no azeite);

1 dente de alho;

2 Colheres de sopa de azeite;

Pimenta do reino a gosto;

Pimenta calabresa a gosto;

1 colher de chá de Açafrão fresco ou 1/2 colher em pó;

Sal a gosto;

Folhas de manjericão para enfeitar e dar aquele toque especial no sabor.

Primeiro bater o amendoim torrado no liquidificador até formar grânulos. Em seguida, acrescentar o restante dos ingredientes até tudo incorporar (auxiliar com a colher para misturar o amendoim que fica agarrado no fundo do liquidificador). O patê tem uma consistência cremosa e crocante.

Ferramenta de mudança

E assim, de refeição em refeição, que os ativistas da saúde integral seguem realizando sua revolução pacífica e saborosa. “O que comemos e como comemos determinam, em grande parte, como está e como será o futuro do planeta, tanto nas questões ambientais como de saúde pública”, discursa a nutricionista.

Ou, como afirma a apresentadora de televisão Bela Gil, uma das personalidades mais ilustres desse movimento: “A comida pra mim é uma ferramenta de mudança. Uma ferramenta de mudança política, econômica, social, ambiental e de saúde”, respondeu a artista e culinarista, em entrevista à Máquina. “Eu acredito que a gente consegue mudar o mundo através da alimentação”, diz.

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