Bárbara, primeiro livro da escritora Brunella Brunello, oferece ao leitor um conjunto de histórias breves, aparentemente simples, que tocam aspectos profundos da existência. Por meio de um jogo de claro e escuro, a autora contrapõe vida e morte, força feminina e fragilidade humana, fala da ação do tempo, que constrói e destrói – impiedosamente. O livro será lançado na próxima terça-feira (11), na sede da Editora Cousa, no Centro de Vitória.
Ambientados em um condomínio de 10 andares, cujo nome jamais é revelado, os contos de “Bárbara” estão ligados por uma mesma unidade narrativa. “O livro nasceu de uma caminhada pelo Centro de Vitória. Eu e meu marido passávamos por um edifício antigo do Parque Moscoso, e ele disse que, de longe, o nome daquele prédio lembrava Sherazade. Na hora, tive a ideia de um livro como ‘As Mil e Uma Noites’, em que uma mesma narradora contaria a história de mil e um apartamentos”, afirma Brunella, que é redatora publicitária.
Da ideia inicial ao tratamento final no texto, Bárbara passou por muitas mudanças. A mais importante foi a escolha da autora por interligar alguns contos e entregar à narradora a possibilidade de contar sua própria história. “O crescimento dessa narradora me fez reescrever o livro, de forma que ela passa a interferir mais nos contos, se mostrando aos poucos, ao mesmo tempo em que se aproxima do leitor.”
Ao longo do processo, a obra passou por várias revisões, e Brunella chegou a cortar contos inteiros e a escrever novas histórias. “Essa fase de lapidação foi uma das mais difíceis, mas também bastante compensadora, pois o livro ganhou foco, síntese e forma”, explica.
Jornalista por formação, a autora passou longe das redações e assessorias. Foi na área de redação publicitária que se estabeleceu profissionalmente, o que talvez tenha contribuído para desenvolver seu poder de síntese, com uma escrita ágil e concisa que tem muito a dizer – sobretudo aos que sabem ler as entrelinhas.
Desencanto existencial, solidão, rupturas e reconciliações, maternidade, sexualidade, o peso da velhice e a morte (física e metafórica) estão entre os temas marcantes do livro. Em meio à galeria de personagens ricos e complexos, o próprio prédio, mais do que servir de ambientação, é também protagonista. A cada conto, o leitor vai descobrindo a história desse edifício. “É uma construção que resiste ao tempo e está impregnada pelo tempo, por meio das pessoas que passaram ali, suas memórias, seus afetos. Não por acaso, a história desse prédio se confunde com a história de uma família que viveu ali”, ressalta a autora.
Com um título apropriadamente polissêmico, Bárbara é um livro de personagens femininas marcantes e traz à superfície a força da mulher. Elas são protagonistas da maioria das histórias e têm poder sobre seus corpos, suas vontades, suas decisões. Brunella, no entanto, afirma que a obra não foi pensada para ser feminista. “Ela apenas trouxe, de forma natural e inevitável, questões que considero importantes. Espero que muitas mulheres se identifiquem com o livro.”
Bárbara foi uma das 20 obras contempladas, no ano passado, pelo Edital de Literatura da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
Serviço
Bárbara, de Brunella Brunello, será lançado nesta terça-feira (11), às 19h, na sede da Editora Cousa. R. Sete de Setembro, 415, Centro, Vitória. R$ 20.