Muito vem se falando sobre a possibilidade de o governador Paulo Hartung deixar o PMDB, que hoje parece uma “barca furada” sob o governo, ou melhor, desgoverno de Michel Temer, na Presidência da República. O jogo político no Estado nunca foi tão dependente do processo político nacional e Hartung, como sempre, conseguiu antecipar isso e se movimento na busca de uma acomodação segura para 2018.
Nos partidos do Estado, os movimentos são de embate. Hartung tem dificuldade com o PSDB, rachado sobre a possibilidade de ter o governador entre seus quadros. No DEM, Theodorico Ferraço é quem tenta fechar a porta para Hartung, ameaçando deixar o partido, assim como Sergio Majeski sinaliza no PSDB. O problema é que ambos são parlamentares e só poderão deixar seus partidos na janela do próximo ano. Ao menos que aceitem correr o risco de terem seus mandatos questionados por infidelidade partidária.
Hartung costura por cima. A crise afeta o PMDB de forma profunda e também o PSDB, que precisa remendar os estragos com as acusações contra suas lideranças, sobretudo o senador Aécio Neves. Hartung segue desviando dos estilhaços e encontra outro malabarista desse processo, o presidente da Câmara e iminente presidente de transição do País, Rodrigo Maia.
E no Espírito Santo, o que isso afeta? Talvez, uma importante nuança desse processo é o fato de que haverá um rearranjo no PMDB, com a saída de Hartung. Ele vive em pé de guerra com a senadora Rose de Freitas, que flerta politicamente com o grupo minguado do ex-governador Renato Casagrande (PSB). Sem Hartung como principal empecilho para uma disputa, ela não terá desculpa para se colocar, mas para isso terá que comandar uma tarefa que nunca foi seu forte, a reorganização do partido em um cenário pós-Temer.
Rose vem surfando na onda municipalista, que sempre foi sua bandeira, mas que ganhou uma inflada com ascensão de Temer, com quem a senadora tem trânsito. O festival de emendas para o interior tem sido uma preocupação para Hartung, que venceu a disputa de 2014 graças ao voto dos municípios de fora da Grande Vitória. Daí suas ações de ajuda aos municípios, inaugurações e entregas Estado adentro.
Mas se Temer cair, esse trânsito de Rose de Freitas pode acabar? A princípio, sim, afinal Hartung já teria conquistado o eventual futuro presidente. Rose, porém, tem uma incrível capacidade de se recriar e sobreviver às investidas do governador e pode ainda ser uma pedra no sapato de Hartung.
Ainda prevalece, porém, a incerteza sobre o caminho eleitoral de Hartung. O pior cenário para Hartung seria disputar a reeleição para um imprevisível quarto mandato, melhor seria o Senado, mas pode faltar espaço. O senador Ricardo Ferraço (PSDB) é enfático ao afirmar à coluna Plenário de A Tribuna desta sexta-feira (7), que o compromisso do PSDB é com sua candidatura à reeleição.
O PSDB, nacionalmente, deve ser o grande parceiro do DEM na empreitada da Presidência, e as composições nacionais podem influir também no Estado. De mais a mais, Ricardo também tinha certeza que seria candidato ao governo em 2010, e não foi.
Fragmentos:
1 – O jantar do presidente da Assembleia Legislativa Erick Musso (PMDB) com os diretores do Legislativo reuniu apenas três deputados estaduais. Jantar na Grande Vitória, com metade do plenário tendo base no interior, é certeza de baixo quórum.
2 – O que chama atenção e não dá pra entender é que Erick Musso tem base em Aracruz e mesmo assim, marcou um encontro na Grande Vitória em uma quinta-feira.
3 – O Partido Trabalhista Cristão (PTC) da Serra vai realizar sua convenção municipal neste domingo (9), às 9 horas, na Câmara de Vereadores. O encontro vai contar com a participação do presidente nacional do partido, Daniel Sampaio Tourinho, do presidente municipal, Josenesio Almeida Pereira, dos vereadores da legenda, Miguel da Policlínica e Adriano Galinhão.