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O que muda com PH fora do PMDB?

Não vejo essas movimentações de Paulo Hartung de mudar de partido como uma jogada capaz de fortalecê-lo politicamente no pleito de 2018. Continuo apostando minhas fichas no novo, e quando me refiro ao novo, estou falando do deputado estadual Sergio Majeski (PSDB). O jornalismo me põe em contato com diversas fontes por este Estado afora. E muita gente me pergunta “quem é esse tal Majeski”. As pessoas estão interessadas no trabalho do deputado que é hoje um ponto fora da curva na Assembleia. A expectativa é que Majeski traga para o debate a mudança desejada.
 
Boa parte desse reconhecimento o deputado conquistou ocupando um campo que estava ocioso na política estadual desde que PH assumiu seu primeiro mandato de governador em 2003. Majeski vem fazendo uma oposição inédita e qualificada a PH, que parece estar incomodando muito o governador.
 
Convenhamos que momento para contestar PH é pra lá de oportuno. Vejo o governador fragilizado. Este terceiro mandato tem mostrado que ele já não está com essa bola toda.
 
Essa vulnerabilidade de Hartung, aliás, anda animando outras lideranças na corrida ao Palácio Anchieta. Rose de Freitas (PMDB) é uma que já fala como virtual candidata ao governo. A senadora, que tem mais um mandato pela frente, não teria nada a perder ao entrar na disputa. O problema de Rose é a legenda, mas essa iminente saída de Hartung do PMDB poderia limpar o caminho para a senadora. Resta saber se com o partido em suas mãos Rose entrará mesmo na disputa. A conferir.
 
Se Hartung deixar o PMDB, seu destino – ao menos ele tem feito movimentos nessa direção – seria o PSDB. O problema no partido, porém, se chama Sergio Majeski. A frase: “Se ele entrar por uma porta, eu saio por outra”, dita recentemente pelo deputado Theodorico Ferraço ante suposta migração de PH para o DEM, é a mesma repetida por Majeski, sem tirar nem pôr.
 
Mas vamos supor que PH quebre os núcleos de resistência dentro do PSDB capixaba e embarque no partido, a porta de saída deixaria Majeski hoje mais próximo da Rede. O prefeito da Serra e “dono” do partido no Estado, Audifax Barcelos, já farejou de longe que o deputado é uma joia rara que não pode ficar solta, senão alguém chega primeiro e leva. Por isso Audifax se apressou em atraí-lo para a Rede. Majeski daria o verniz da “nova política” que o partido tanto precisa no Espírito Santo para edificar um palanque sólido e legítimo para a virtual presidenciável Marina Silva.
 
Na Rede, Majeski poderia compor chapa ao Senado, garantindo esse palanque robusto para Marina no Estado. O próprio Audifax ainda faz mistério sobre seu destino político em 2018. A Rede nacional o “escala” como candidato ao governo, mas com Majeski no partido, Audifax resolveria o problema do palanque e tiraria a pressão de suas costas de ter que entrar na disputa a todo custo.
 
Na corrida ao governo e ao Senado, PH corre na mesma raia das lideranças que têm na testa o selo da Lava Jato. Seu grande rival na disputa de 2014, o ex-governador Renato Casagrande (PSB), está em situação idêntica à de Hartung. Ambos surgiram nas delações dos ex-executivos da Odebrecht como receptores de dinheiro de “caixa 2”. Na mesma situação também está o senador Ricardo Ferraço (PSDB), que busca a reeleição ao Senado.
 
Por mais que os marcados pela Lava Jato demonstrem desdém ante as denúncias, a reação do eleitorado é uma incógnita. Hoje o que sabemos é que a sociedade tem cobrado implacavelmente a apuração das denúncias e a punição aos culpados. Esse é um ponto que gera incertezas e desconforto para aqueles que ainda têm muito a explicar.
 
Há os que defendam que o governador segue se fortalecendo quando põe a máquina pública para funcionar eleitoralmente a seu favor. Mas é preciso ponderar que a eleição não passa apenas pelo uso estratégico da máquina. Há outras variáveis em jogo que devem ser consideradas. 
 
Pode parecer delírio essa minha insistência, mas sigo apostando que essa oposição vigorosa que Majeski faz a PH pode fazer toda a diferença na disputa de 2018. 
 
O desesperador para Hartung é que Majeski continuará fazendo essa oposição sistemática até o último dia do seu governo. A tendência é que o deputado cresça e se fortaleça ainda mais daqui pra frente. 
 
O risco é PH entrar no PSDB e Majeski não sair. Se ficar, Hartung dá um jeito de neutralizá-lo. Fora isso, sou mais Majeski. 

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