“A ação da polícia foi de um nível desproporcional, uma violência absurda”, lamenta. “Helicóptero, cavalaria, muitos policiais … para resolver um problema social e não de polícia. E que não foi resolvido, só agravado”, critica, narrando os voos rasantes da aeronave por cima das famílias, “uma violência física e psicológica” desnecessária.
A noite anterior ao despejo, conta Adelso, foi de muita chuva. As pessoas juntavam seus poucos pertences, que eram em parte molhados. A chuva também molhava a lavoura, o que seria uma alegria dias antes, mas os cinquenta hectares de plantações, “de uma variedade enorme de alimentos”, foram totalmente destruídos pelos tratores. “Conseguimos recolher um pouco da produção, para o nosso almoço e janta de hoje”, conta.
Significativo foi ver explícitas as alianças, os apoiadores do Movimento, que nunca se negam a estar ao lado das famílias acampadas que reivindicam o direito constitucional pela Reforma Agrária, como aponta o líder do MST. Lideranças religiosas e políticas e Defensoria Pública “intermediaram junto à Polícia para evitar uma violência ainda maior, fora de controle”, conta, agradecido, o coordenador do MST.
Existem hoje no Espírito Santo mais de mil famílias acampadas, à espera de assentamento. A demanda pela Reforma Agrária no Estado, no entanto, é muito maior, segundo as lideranças do MST. A próxima reintegração de posse está marcada para o dia 18, no Acampamento Ondina Dias, em Nova Venécia.