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Deputado cobra solução para fornecimento de comida imprópria a internos do sistema prisional

As 380 notificações de irregularidades que a empresa Cozisul Alimentação Coletiva Eirelli acumula na Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) não foram suficientes para que a secretaria rompesse os contratos de fornecimento de alimentação aos internos do sistema prisional. Um relatório Gerência de Controle, Monitoramento e Avaliação de Gestão Penitenciária da própria Sejus apontou que a empresa serviu para os internos cortes suínos processados que é utilizada na indústria para a alimentação de animais.
 
Na manhã desta segunda-feira (17), durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa, o deputado Euclério Sampaio (PDT) apontou que é um descaso com a alimentação dos internos e que, da maneira como é o tratamento, é impossível aplicar ressocialização nas unidades prisionais do Estado.
 
A Folha de S. Paulo veiculou reportagem nesta segunda-feira sobre essa situação. O relatório aponta que o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf) confirmou que a carne industrial servida aos internos é de uso exclusivo na produção de embutidos e processados.
 
Os recortes de carne suína servidos aos internos causaram contaminação por Doença Transmitida por Alimento (DTA) nos presos, em virtude da presença de bactérias patogênicas e número elevado de estafilococos coagulantes positivas nos alimentos, que não deveriam ser consumidos por humanos.
 
A Cozisul detém 13 dos 34 contratos de fornecimento de alimentação a internos do sistema prisional e acumula 380 reclamações referentes à contraprestação do serviço. O faturamento da empresa chegou a R$ 43 milhões em 2016.
 
A empresa começou a ser contratada pelo Estado em substituição a outras fornecedoras de alimentação, também retiradas do fornecimento de refeições a internos do sistema prisional justamente por apresentarem problemas.
 
A mudança de empresas neste fornecimento não muda o fato de serem constantes as denúncias de alimentos oferecidos em desconformidade com o estipulado em contrato e com itens estragados ou até impróprios ao consumo humano.
 
Em 2012, a BIC Soluções em Alimentação Ltda forneceu aos internos do Centro de Detenção Provisória de Aracruz (CDPA), no norte do Estado, alimentos impróprios para o consumo humano. O feijão incluído nas refeições continha larvas, pedras, grãos partidos e até insetos.
 
Uma amostra do feijão foi enviada para análise no Ministério da Agricultura e o laudo classificou o produto como imprópria para o consumo.
 
Em 2017, a Sejus contratou emergencialmente a Cozisul – por dispensa de licitação, que foi alvo de sindicância – para substituir a Viesa Alimentação no fornecimento de alimentação aos internos da Penitenciária Estadual de Vila Velha II (PEVV II).
 
A Viesa vinha sendo denunciada sistematicamente em função da péssima qualidade da alimentação servida à população prisional. À época, durante a inspeção realizada no Centro de Detenção Provisória (CDP) feminino de Viana por membros da seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), a direção da unidade mandou devolver as marmitas que seriam servidas na ala feminina por ela estarem “estragadas e fedendo”. As presas relataram, na ocasião, que era comum encontrar pedaços de plástico, vidro, madeira, sacolas e insetos misturados à comida. Os casos de vômitos e diarreias provocados pela comida eram constantes.
 
A empresa também foi inspecionada e a Vigilância Sanitária concluiu que a Viesa não tinha condições sanitárias que garantiriam a qualidade e segurança dos alimentos preparados, mas não optou pela interdição, sob o argumento de que seria inviável a contratação de outro serviço para prestação imediata do serviço, sendo que a interdição seria um risco de caos no sistema prisional, podendo causar danos irreparáveis.

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