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Fase lança segundo edital ‘Mais vida, menos petróleo’

Agora com foco nos coletivos de mulheres, o segundo edital “Mais vida, menos petróleo” abre inscrições para projetos de resistência contra a cultura petroleira.  A perspectiva maior é “contribuir para que os grupos e movimentos de mulheres em conflito com o complexo petroleiro no Estado se fortaleçam como sujeitos políticos”, destaca a Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase).

Ao lado do Serviço de Análise e Assessoria a Projetos (SAAP), o programa da Fase no Espírito Santo lançou esse segundo edital com a finalidade de financiar pequenos projetos – com valor até R$ 10 mil – de mulheres que, mesmo diante de poderosas corporações petrolíferas, se desafiam e não recuam frente ao compromisso histórico que assumiram na defesa dos direitos da população e da justiça social.

As inscrições são feitas por meio de preenchimento de formulário disponibilizado no site da Fase, que deve ser enviado por e-mail até o próximo dia 28 de agosto.

A produção capixaba de petróleo é a segunda maior do país, havendo campos terrestres e marítimos. Ironicamente, o Espírito Santo é também o segundo estado no ranking da violência contra as mulheres.

O foco no universo feminino se justifica pela violência que o patriarcado petroleiro tem exercido, historicamente, contra o corpo, a vida e a liberdade das mulheres que vivem em comunidades diretamente impactadas.

A chegada de contingentes de trabalhadores contratados para as obras e operação dos empreendimentos – parcela significativa deles permanecendo desempregados nas comunidades, após o fim dos contratos de trabalho – provoca, via de regra, aumento dos casos de assédios, estupros, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, consumos de drogas e repressões, de variadas formas, contra a mulheres.

Além disso, os problemas sociais inerentes à cadeia produtiva do petróleo, como a pressão sobre os equipamentos públicos de educação e saúde, como a destruição das atividades econômicas tradicionais e a concentração de renda, afetam as mulheres numa medida ainda mais cruel.

Nem Um Poço a Mais

Na primeira edição do “Mais vida, menos petróleo”, o objetivo foi “fortalecer e reconhecer como sujeitos políticos os grupos populares, formais e informais, em conflito com o complexo petroleiro no Estado”. Quatro eixos foram trabalhados: mulheres; territórios de pesca artesanal; povos tradicionais; e Região Metropolitana. Dos vinte projetos inscritos, quinze foram selecionados.

Os editais “Mais vida menos Petróleo” fazem parte da Campanha Nem Um Poço a Mais, que visa denunciar os impactos ambientais e sociais da indústria petrolífera, e evidenciar soluções alinhadas com um modelo realmente sustentável de civilização, baseado em energias limpas, produção saudável de alimentos, em soluções arquitetônicas e de mobilidade urbana, respeito às comunidades e conhecimentos tradicionais.

Como explica o sociólogo Marcelo Calazans, coordenador regional da Fase no Espírito Santo e Rio de Janeiro, a campanha não diz que “já e agora” vai se parar de usar petróleo e gás, ou que vai desempregar todos os trabalhadores da cadeia do petróleo, ou ainda que não seja possível ter automóveis e fertilizantes, etc. “’Nenhum poço a mais!’ é antes um estratégico apelo para pensar a necessária e urgente diminuição (e melhor seleção) dos usos de combustíveis fósseis, por justiça ambiental e climática, em defesa dos territórios de utopia”, afirma Marcelo no artigo A expansão da indústria petroleira: corrupção e pré-sal no Brasil.

Clique aqui para baixar o edital e o formulário de inscrição. 

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