Nunca também os valores do mês de maio foram, todos, maiores que os de abril, como consta na referida tabela. Os aumentos variam entre 9,52% (Ibes, em Vila Velha) a 588,89% (Centro de Vitória). “Isso nunca aconteceu!”, questiona Eraylton Moreschi Junior, presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental.
Mais estranho ainda é o fato de a percepção da população ter sido de ligeira redução do pó preto em maio deste ano, com relação ao mês anterior, exatamente o oposto do registrado pelo Iema. “A precipitação de pó preto percebida pelos cidadãos em maio foi menor que em abril”, afirma.
De fato, se observamos a série histórica, veremos que cada uma das dez estações registrou, em abril de 2017, o menor valor. Não só comparado ao mesmo mês de cada ano, mas abril de 2017 apresentou os menores valores de toda a história, para todas as estações.
Como nenhuma grande medida de redução da emissão de pó preto foi tomada por qualquer uma das principais fontes emissores do poluente – ArcelorMittal e Vale, na Ponta de Tubarão –, a redução absoluta dos valores carece de explicação lógica.
Os três “enigmas”, somados à ausência completa de monitoramento pelo Iema durante nove meses (julho/2016 a março/2017) e a uma série de outras incoerências e fragilidades ao longo dos anos, reforçam a desconfiança de ambientalistas com relação a confiabilidade do monitoramento da poluição do ar na região metropolitana.
Parece haver, na opinião de Eraylton, uma intenção de desacreditar por completo o órgão ambiental estadual. “Queremos que a Dra. Andreia Pereira Carvalho, diretora-presidente do Iema, apresente comprovações técnicas, com justificativas, sobre esses números que ela tirou da cartola”, ironiza o ambientalista.