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Comunidade escolar fará manifestação contra preconceito em Cmei de Vitória

Na próxima quinta-feira (24), em Jardim da Penha, Vitória, haverá uma manifestação contra o preconceito e em defesa da escola pública e laica. Na ocasião, haverá uma caminhada até o Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Cida Barreto, no mesmo bairro, em que foi retirado de exposição um trabalho feito por alunos simbolizando a boneca Abayomi.
 
A unidade funciona dentro da Igreja Evangélica Batista de Vitória (IEBV), no mesmo bairro, em uma estrutura alugada pela prefeitura por quase R$ 40 mil mensais. Apesar de a boneca usada para o trabalho das crianças não guardar nenhuma relação com qualquer religião, o pastor João de Brito afirmou à imprensa que o trabalho das crianças simbolizaria “macumba” – termo pejorativo usado para se referir a religiões afro-brasileiras – e por isso havia sido retirado. Além da manifestação, haverá oficinas de confecção de abayomis.
 
A permanência da unidade educacional nas dependências de uma igreja é frontalmente questionada pelo Conselho Municipal de Educação (Comev). A presidente do colegiado, Charla Campos, lembra que a instalação do Cmei na igreja não foi autorizada pelo Comev.
 
Segundo ela, na última no dia 10 de agosto houve uma reunião entre membros do Comev, do Conselho Municipal do Negro (Conegro) e do Fórum Municipal de Educação de Vitória com o secretário municipal de Planejamento, Gestão e Comunicação, Fabrício Gandini, em que ele se comprometeu em abrir uma chamada pública para locação de outro imóvel em Jardim da Penha para a instalação do Cmei.
 
Além disso, Charla ressalta que o planejamento pedagógico dos docentes do Cmei é respaldado em diretrizes educacionais nacionais, e também se baseia nas Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afrobrasileira e de cultura indígena.
 
Apesar do episódio, o projeto da professora segue normalmente até o mês de outubro.
 
A palavra abayomi tem origem yorubá que é um idioma da família Níger-Congo de dois países africanos e é falado na parte oeste da África, principalmente na Nigéria, Benin, Togo e Serra Leoa. A boneca se originou na época da escravidão, quando mães que estavam nos navios negreiros as confeccionavam com o pano de suas saias, único disponível no navio, para entreter os filhos.
 
A representação, ao contrário do que o pastor alegou, não guarda qualquer relação de cunho religioso, mas é parte da identidade cultural do que é ser negro.

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