O serviço tem ficado cada vez pior, a ponto do próprio motorista decidir quem vai receber ou não a água naquela semana, como denunciam os moradores. “Quem mora mais ‘pra dentro’, ele não entrega”, conta a pescadora Marlene Clemente dos Santos, referindo-se às casas localizadas em pontos mais afastados das ruas principais de circulação de veículos.
“Nascida e criada” na localidade, como ela gosta de afirmar, Marlene diz que, mesmo as casas contempladas, nem sempre recebem a quantidade prometida pela Prefeitura, que são dois mil litros de água por família, por semana, entregues às segundas-feiras. “Às vezes é só mil litros pra um, mil litros pra outro”, reclama.
Além da água, a comunidade também perdeu sua principal atividade econômica, que é a pesca. Lajinha é uma espécie de ilha, rodeada pelos rios Piraquê-açú e Piraquê-mirim, vizinha à Terra Indígena Guarani e Tupinikim. A lama extinguiu todo o pescado. “Acabou tudo”, diz Marlene.
Lucimar de Souza Barbosa, que coordena um projeto social na comunidade, recebeu como retorno de suas seguidas ligações à Prefeitura, em busca de uma explicação, que trata-se de contenção de despesas do erário municipal.
“Como se corta gastos com abastecimento de água num lugar que foi afetado pela lama?”, indigna-se. “Para mim o assunto já não é mais de esfera municipal, tem de ir a outras esferas, porque o assunto é mais grave do que eu pensei”, analisa.