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Grito dos Excluídos chega à 23ª edição na luta contra perda de direitos

Nesta quinta-feira (7) será realizado mais um tradicional Grito dos Excluídos, em Vitória, em contraponto à agenda oficial de comemorações do Dia da Independência. Em 2017, o Grito dos Excluídos chega à 23ª edição e vai fazer o trajeto do bairro Itararé ao Jabour, em Vitória.
 
Com o tema “Por direitos e democracia, a luta é todo dia”, o ato reunirá entidades do movimento social e populares; pastorais sociais da Igreja Católica; associações e sindicatos; representantes dos povos indígenas e quilombolas; movimentos de luta pela moradia e ocupações; trabalhadores do campo e da cidade, além de pescadores e moradores de comunidades atingidas pelas barragens da Samarco.
 
De acordo com o padre Kélder Brandão, da Paróquia Santa Tereza de Calcutá, no Bairro da Penha, em Vitória, este é o primeiro ano em que o Grito dos Excluídos deixa de ser exclusivamente organizado pelas pastorais da Igreja Católica e foi emancipado, sendo construído também por associações, sindicatos, ONGs, partidos políticos, com participação ativa das comunidades.
 
O ato vai ter início na região do Bairro da Penha, com caminhada que passará pelos bairros Bonfim, Gurigica, Consolação, São Benedito, culminado no bairro Jabour, para o encerramento.
 
O padre ressalta a importância do Grito dos Excluídos, que dá visibilidade e voz à população periférica. Em momento de retrocesso nos direitos e da democracia fragilizada, é primordial a união dos segmentos mais marginalizados da sociedade.
 
Em um vídeo que chama para o ato, o religioso ressalta que a independência do Brasil não alcançou os negros, as mulheres, as crianças, os índios, os homossexuais e tantas outras pessoas que sofrem com a pobreza e, no Estado, em especial com a criminalização da pobreza, como vem acontecendo com as megaoperações policiais nas periferias.
 
Uma dessas operações aconteceu no Bairro da Penha, onde fica a paróquia Santa Tereza de Calcutá. O padre ressalta que é assustadora e desmedida a tentativa do Estado de demonstrar força e aponta que ninguém se ilude com o argumento de que as operações miram no combate ao tráfico de drogas. “O Estado precisa ‘dizer’ que novamente tem as rédeas da segurança pública, principalmente depois da paralisação da Polícia Militar de fevereiro, mas o que resta é a criminalização da pobreza”, diz o padre.
 
O Grito dos Excluídos também vai mirar na retirada de direitos promovida pelas reformas trabalhista e da previdência. As reformas precarizam ainda mais as relações de trabalho e distanciam o trabalhador de uma aposentadoria digna.
 
Além das reformas, os participantes também denunciarão a violência ocorrida nas periferias, que se intensificam pela ausência do Estado, resultando em violações constantes, vitimando principalmente os jovens negros.
 
Os manifestantes também pedirão o fim à violência contra a população negra e LGBT; fim dos cortes nos investimentos na produção de conhecimento no ensino público; e também lembrará o crime ambiental cometido pela Samarco/Vale-BHP em novembro de 2015.
 
No episódio, além da lama de rejeitos ter devastado comunidades inteiras, acabando com a vegetação nativa e poluindo o rio Doce até sua foz, no distrito de Regência, localizado no município capixaba de Linhares (litoral norte). Foram coletadas mais de 14 toneladas de peixes mortos, além da degradação de 240 hectares de Mata Atlântica e mais 45 hectares de plantações de eucalipto. O volume de rejeitos despejados em terrenos e corpos hídricos chegou a 40 milhões de metros cúbicos. Das 195 propriedades rurais atingidas em Minas Gerais, 25 foram completamente devastadas. Morreram 19 pessoas em decorrência do rompimento da barragem.
 
Manifesto
 
A organização do Grito dos Excluídos produziu um manifesto destinado à sociedade capixaba lembrando que a data foi escolhida precisamente para lembrar que grande parte do povo não se libertou do jugo da pobreza, da violência institucionalizada e dos efeitos nefastos de quem usa o poder público em favor de interesses privados.
 
Mais de 20 anos depois do primeiro Grito dos Excluídos, os problemas seguem em pauta e se ampliaram, quando o mundo e País se tornaram um lugar ainda mais hostil, especialmente para os negros, as mulheres, as pessoas que não se enquadram no padrão estabelecido de identidades sexuais e de gênero e, sobretudo, os mais pobres.
 
O manifesto também aponta que o Estado virou um laboratório das políticas de austeridade neoliberais e seus mandatários, governador, secretários e prefeitos, além de nada fazerem, contribuem para que a situação de pobreza, a falta de liberdade e a violência se tornem ainda mais crônicas.

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