O livro Jongos e Caxambus: culturas afro-brasileiras no Espírito Santo, dos professores da Ufes Aissa Afonso Guimarães e Osvaldo Martins de Oliveira, é registra um processo de pesquisa de uma manifestação de origem africana que, apesar de estarem sob os eucaliptais da Fíbria (ex-Aracruz Celulose), não sucumbiu.
Se manifestações como o Reis de Boi foram dilapidadas em cerca de 80% com a expansão predatória das plantações de eucalipto, os grupos de Jongo continuam não apenas ativos, como também crescentes. Recentemente, grupos estão surgindo, já que, em que pese a origem africana do jongo, os grupos não discriminam participantes com base na cor da pele.
Um encontro de jongo semana passada na região do Linharinho, em Conceição da Barra, reuniu nove grupos na região norte. Jongo de São Benedito e São Sebastião (Itaúnas); Jongo de Santa Bárbara (Linharinho); Jongo de São Bartolomeu (Quilombo Novo); Jongo de Santa Ana (Sant'Ana); Jongo de Cosme e Damião (Porto Grande); Jongo de Nossa Senhora Aparecida (Córrego do Alexandre), todos de Conceição da Barra; e Jongo de São Benedito (Sernamby); Jongo de Santo Antônio (São Cristóvão) e Jongo de São Benedito (Campo Grande), estes de São mateus.
Caxambu é como o jongo é conhecido no sul do Estado – são as mesmas manifestações, com algumas pequenas diferenças. Os autores do livro foram ao encontro para exibir aos grupos e ouvir deles o que tinham a comentar. O encontro acabou se constituindo em uma boa conversação entre jongueiros e pesquisadores.
O jongo é uma expressão de origem africana, que, ao som de tambores, eles dançam nos versos tirados pelos participantes.
Com sabedoria e um toque de humor, Hermógenes Lima da Fonseca resume a riqueza de manifestações que pode revestir o jongo: “São tantas as modalidades que ninguém ainda se meteu a gato mestre de juntar os pés com as orelhas para dizer o que é jongo por essas plagas, qual a influência da cultura afro que desafia quem a estude”.