A resolução estabelece, dentre outros pontos, que os psicólogos não o exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados; nem colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Esta resolução está mantida pelo colegiado, que vai recorrer da decisão liminar, bem como lutará em todas as instâncias possíveis para a manutenção da Resolução 01/99.
A coordenadora da Associação Grupo, Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), Deborah Sabará, aponta que a decisão não se trata apenas de um retrocesso para a população LGBT, mas parte de um plano arquitetado para atingir toda população vulnerável.
Ela lembra do caso da não demarcação de terras indígenas; tentativa de extinção de reserva para a liberação da mineração na Amazônia; ameaça constante a direitos de comunidades quilombolas, com retrocessos nas titulações de terras; retorno da discussão sobre a redução da maioridade penal pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado; tentativa de privatização de unidades socioeducativas, o que aumentará o encarceramento juvenil; e utilização de armar de choque em unidades socioeducativas. Todos esses exemplos demonstram a agenda de ataques aos direitos humanos, impondo retrocessos.
Ela lembra que não é a primeira vez que há uma tentativa de afrontar a Resolução 01/99 do CFP, que já foi questionada até mesmo por projeto de lei. Agora, com a liminar, a população LGBT mostrou a força em questionar, tendo em vista a mobilização contra a decisão nas redes sociais e a repercussão que o caso tomou.
Deborah ressalta a importância de mobilização contra esse movimento nacional de ataques aos direitos humanos. “Precisamos novamente ‘sair do armário’ e pegar nas mãos dos nossos amigos indígenas, quilombolas, adolescentes, das mulheres, principalmente as mulheres pretas para lutar coletivamente. Não nos cabe ser LGBT e ficarmos somente no nosso quadrado”, diz ela.
A coordenadora da Associação Gold também ressalta que os familiares dos LGBTs também precisam lutar contra esses retrocessos, em uma mobilização de toda a população vulnerável atingida por eles em enfrentamento a essa agenda de desmonte de direitos.