Os desdobramentos da Operação Derrama continuaram a reverberar durante a semana, com a ratificação das denúncias contra os acusados de participação no esquema de fraudes fiscais em prefeituras do Estado e pareceres do Ministério Público do Estado (MPES) que não condiziam com a gravidade das denúncias.
No entanto a mobilidade urbana também gerou debate e propostas dentre os leitores. A construção de uma malha cicloviária na Grande Vitória foi promessa durante a campanha dos atuais prefeitos de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, mas a administração da Capital não respondeu os questionamentos da reportagem, que foi publicada no último domingo (20).
Mateus Silva garantiu que vai cobrar as promessas de campanha, enquanto Adalberto Neto afirmou que espera que essas promessas se concretizem.
O irmão da ex-prefeita de Itapemirim (sul do Estado), Norma Ayub – mulher do deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) –, o advogado Yamato Ayub Alves revelou as articulações do parlamentar desde o ano de 2005 a favor da empresa de consultoria CMS, principal investigada no esquema desvelado pela Operação Derrama.
Munido de farta documentação, o advogado conseguiu comprovar a ligação entre os principais envolvidos no esquema, além de Theodorico. A implicação do deputado pareceu clara para os leitores, como Marcelo Ghazi que questionou a ausência de Ferraço dentre os acusados.
O parecer do MPES sobre a Operação Derrama recomendou o desmembramento das investigações e a substituição das prisões dos envolvidos por medidas cautelares – como a retenção de passaportes e afastamento das funções públicas. O documento se mostrou um “balde de água fria” para quem esperava um posicionamento mais condizente com o que apontavam as investigações.
Paulo Rogério de Souza considerou vergonhoso o posicionamento do MPES, num momento m que o Tribunal de Contas do Estado (TCEES) demonstra deixar anos de submissão a políticos investigando as irregularidades.
O parecer do procurador-geral de Justiça, Éder Pontes foi visto como uma nova demonstração do chefe do MPES de desalinhamento com as ações de combate à corrupção no Espírito Santo.
O pensamento foi seguido pelos leitores, que reafirmaram o descontentamento com a instituição. Rafaela Gomes lamentou a postura do Ministério Público e a possibilidade de falta de julgamento justo aos envolvidos na Derrama.
O desembargador relator do processo da derrama no Tribunal de Justiça do Estado (TJES), Ronaldo Gonçalves de Sousa adotou uma posição intermediária, para evitar que Pontes se agarrasse à tese que haveria motivação política nas investigações da polícia e decisões do Tribunal.
No teor da decisão, o desembargador disse que, por ora, concederia apenas o pedido de revogação de prisão à ex-prefeita de Itapemirim, Norma Ayub, mulher do presidente da Assembleia Theodorico Ferraço, mas que não estenderia os pedidos aos “outros”, como queria Pontes.
A decisão do desembargador, que também disse que quase tudo o que fora pedido pelo procurador-chefe já estava à disposição do MPES provocou reações positivas dos leitores, que parabenizaram o desembargador pelo ato e ainda esperam efeitos positivos na conclusão da Derrama.