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Chuva de fertilizantes da Aracruz Celulose revolta moradores de Itaúnas

Uma chuva de fertilizantes químicos surpreendeu os moradores da Vila de Itaúnas e arredores, em Conceição da Barra (norte do Estado), durante três dias consecutivos nesta semana – segunda a quarta-feira (16 a 18) – levando o Parque Estadual de itaúnas (PEI) a realizar investigação própria para exigir providências por parte da Aracruz Celulose (Fibria) e dos órgãos governamentais responsáveis pela fiscalização da atividade.

Nos dois primeiros dias do ocorrido, os moradores pensaram tratar-se de agrotóxicos. Muitos chegaram a ficar molhados com o produto, lançado por aeronaves sem o devido aviso prévio.

Diante da “chuva” de reclamações, a gestão do Parque enviou um comunicado à população, pelas redes sociais, solicitando depoimentos, vídeos e fotos, que auxiliassem a investigação.

O comunicado, na íntegra, diz que “Diante das denúncias de pulverização aérea da Fibria [Aracruz Celulose] sobre áreas de cultivos de alimentos, residências de agricultores familiares e comunidades tradicionais quilombolas, além das áreas de preservação permanente, solicitamos que depoimentos, fotos e vídeos sejam trazidos até a sede do parque estadual de Itaúnas, para apuração dos fato com urgência. A equipe do Parque já está mobilizada, investigando e apurando as denúncias sobre o tema. Compartilhe!”.

Em vistoria em campo nessa quarta-feira (18), junto com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), o agente do PEI, Gustavo Braga, verificou tratar-se de micronutrientes (fertilizantes químicos) e não pesticidas.

O fato de não serem agrotóxicos, no entanto, esclarece Gustavo Braga, não isenta a Aracruz Celulose (Fibria) do Diálogo Operacional (DO) – um trabalho de comunicação social que a empresa deve realizar antes de uma operação em uma comunidade, como por exemplo a colheita de eucalipto ou sobrevoo com agrotóxicos ou fertilizantes – tampouco os órgãos competentes, de ação fiscalizadora.

Zona de Amortecimento

“Se foi feito, foi mal feito”, afirma o agente, referindo-se à ausência de DO. “As pessoas não sabiam nem o Parque foi avisado”, conta, enfatizando que a área afetada está na Zona de Amortecimento do PEI.

Na tarde desta quinta-feira (19), a Aracruz Celulose (Fibria) é aguardada na sede do Parque para prestar esclarecimentos, especialmente com relação às áreas/talhões previstos para a pulverização.

O Parque também investiga quais órgãos públicos também devem prestar mais esclarecimentos. Além do Idaf, provavelmente também o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Moradores locais, em denúncia a este Século Diário, contam que os sobrevoos da Aracruz Celulose são constantes, a maioria sem o devido aviso prévio à população. “Tem acontecido muito. Contamina o rio, o solo, a fauna, a flora e as pessoas. E esse foi sem nenhum aviso. É um crime, não pode continuar. A nossa região tem ventos muito fortes, que espalham o veneno com muita força”, declarou a arte educadora Kika Gouvea, diretora de Comunicação da Sociedade Amigos Por Itaúnas (Sapi). 

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