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Análise geoquímica confirma presença da lama da Samarco/Vale-BHP no Parque de Abrolhos

Agora foram as análises geoquímicas, feitas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que constataram a presença da lama de rejeitos de mineração da barragem rompida da Samarco/Vale-BHP dentro do Parque Nacional Marinho (Parna) de Abrolhos, no sul da Bahia, desde o inverno de 2016. A unidade de conservação protege a região de maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul.

A informação conta na Nota Técnica nº 23/2017 do Centro de Conservação das Tartarugas Marinhas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Centro Tamar/ICMBio) publicada nesta quarta-feira (25), que recomendou a necessidade de ampliar a área monitorada pelos órgãos ambientais federais e estadual, visto que a área atingida se estende desde o norte do Rio de Janeiro até o sul da Bahia (veja figura abaixo, retirada na NT 23/2017). Atualmente, são feitos monitoramentos por sobrevoos, imagens de satélite, isótopos e biogeoquímica.

A lama já havia sido verificada visualmente em Abrolhos, pelos sobrevoos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desde 2016, e eram contestadas pela Samarco/Vale-BHP, que tentava alegar se tratar de sedimentos próprios do Rio Doce e de outros rios do norte capixaba ou sul da Bahia.

Até então, o próprio Centro Tamar/ICMBio negava essa possibilidade, pois em vários momentos em que a lama foi constatada dentro de Abrolhos, os rios da região estavam com suas vazões mínimas ou mesmo com suas barras fechadas, havendo, ao contrário, entrada de sedimentos, do mar para o interior dos estuários dos mesmos.

Com a NT 23/2017, a confirmação geoquímica afasta qualquer possibilidade de contestação, gerando inclusive a necessidade de aplicação de multas e outras punições por parte dos órgãos gestores do Parna Abrolhos, o ICMBio, e das unidades de conservação estaduais atingidas: Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das Algas, (Reserva Biológica) Rebio Comboios e Refúgio de Vida Silvestre (RVS) Santa Cruz, no Espírito Santo, e Reserva Extrativista (Resex) Cassurubá, na Bahia.

A nota informa que os sedimentos encontrados na região são cumulativos, mas as análises relativas aos impactos sobre a biodiversidade da região de Abrolhos – zooplâncton e duas espécies de corais – ainda estão sendo realizadas pela equipe do professor Heitor Evangelista, da Uerj. 

Até o momento, os órgãos de vigilância sanitária e de saúde ainda não se manifestaram com relação aos impactos, durante todo esse período, da presença da lama na água e no pescado na saúde da população. 

 

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